12 dezembro 2024

Almirante Gouveia e Melo (XVI)

 (Continuação daqui)




XVI. Chefe de Estado


O Presidente da República é também o Chefe de Estado, uma expressão que à custa de ser tantas vezes banalmente repetida, parece ter perdido o seu significado.

A função de Chefe de Estado não se reduz a promulgar leis, dar beijinhos às velhinhas, apagar incêndios juntamente com os bombeiros, distribuir títulos honoríficos e apresentar os pêsames à família de algum artista falecido.

Ao Presidente, como Chefe de Estado, compete-lhe, acima de tudo e como a própria designação indica,  organizar e liderar o Estado e pô-lo ao serviço de todos os portugueses, que é para isso que ele existe. Ora a organização e a liderança - como o Almirante Gouveia e Melo demonstrou durante a pandemia -, são dois dos mais importantes skills de um chefe militar.

O Almirante Gouveia e Melo parece ser  muito sensível  (cf. aqui e aqui) aos 3E's que são caros aos economistas e que caracterizam uma boa organização: Eficácia (fazer a coisa certa), Eficiência (fazer a coisa bem) e Economia (fazer a coisa ao mais baixo custo).

Para o Almirante Gouveia e Melo organizar e chefiar o Estado segundo o lema dos 3E's deve ser uma tarefa trivial, à qual ele está habituado. As dificuldades de transição serão mínimas porque, na realidade, ele passará de Chefe a Chefe -  de Chefe do Estado Maior da Armada a Chefe de Estado. 

Na chefia do Estado espera-se que o Almirante Gouveia e Melo, embora sem poderes executivos mas com capacidade para os influenciar, possa contribuir decisivamente para entregar à população portuguesa um serviço público de saúde exemplarmente organizado e eficaz, uma justiça rápida e eficiente, um serviço público de educação que restaure a autoridade dos professores e a hierarquia nas escolas, e que as forças de segurança possam sentir de novo a confiança de actuação que entretanto perderam.

Na chefia do Estado, espera-se do Almirante que acabe com a bagunçada nas escolas, com a desorganização na saúde, com a desordem nos bombeiros,  com o caos na justiça e que os arruaceiros não ousem mais bater nos polícias.

Um comandante militar como ele é a pessoa indicada para acabar com tudo isto.

(Continua acolá)

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