08 dezembro 2024

Almirante Gouveia e Melo (X)

 (Continuação daqui)



X. O Bem-comum


Ao longo do último século, no universo dos países católicos do sul da Europa e da América Latina - tradicionalmente  menos progressivos do que as suas contrapartes protestantes do norte da Europa e da América do Norte - houve casos excepcionais de grande prosperidade económica e social.

Aconteceu assim na Argentina do General Perón, na Espanha do Generalíssimo Franco, no Portugal de Salazar  e o caso mais recente foi o Chile do General Pinochet que deixou de olhos esbugalhados até os mais reputados economista liberais do mundo, como Milton Friedman e Friedrich Hayek.

Aquilo que caracteriza todos estes casos é que na Presidência da República estava um militar. No caso português, Salazar não era um militar, mas foi posto aos comandos do poder executivo pelos militares e teve sempre na rectaguarda um presidente militar (General Óscar Carmona, General Craveiro Lopes e Almirante Américo Tomás).

O que é que os militares trarão de especial aos países de cultura católica, que eles tanto apreciam, e que os faz excederem-se a si próprios?

- A ideia do bem-comum.

Numa cultura comunitária como é a cultura católica (ao contrário da cultura protestante que é sectária), o bem-comum é o mais importante de todos os bens. 

Os militares são educados, na sua função principal de promover a paz, que é a primeira componente do bem-comum (a segunda é a justiça), a servir todos os portugueses sem distinção; a sua lealdade é para com a nação portuguesa como um todo, e não para com qualquer grupo, igreja ou partido.

Na palestra que o Almirante proferiu a semana passada na Gulbenkian (cf. aqui) as referências ao bem- comum são constantes, assim como a prevalência do bem-comum sobre os bens sectoriais ou partidários ("as capoeiras", na expressão do Almirante).

A segurança que os militares dão à população de que o bem de todos está acima do bem de cada um, do bem do seu grupo ou do seu partido,  cria um sentimento de imparcialidade e justiça num país de cultura católica que o faz superar-se a si próprio, em todos os sectores de actividade.

Até no futebol. Convém lembrar que as primeiras cinco Ligas Europeias dos Campeões foram para Espanha (Real Madrid) sob o Generalíssimo Franco, e as duas seguintes para Portugal (Benfica) sob o Almirante Américo Tomás. Nunca mais uma série assim se repetiu para os países ibéricos.

(Continua acolá)

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