01 outubro 2024

BLACK FREEDOM

 

 

“Qualquer cor que o cliente queira, desde que seja preto” – Henry Ford

 

Ford foi um dos maiores titãs da indústria automóvel norte-americana; inventou a linha de montagem, cortou custos brutalmente e conseguiu colocar no mercado o seu modelo T (1908 – 1927) por pouco mais de US$ 250. Segundo o chatGPT, esse valor equivaleria hoje a US$ 321 — o preço básico de uma máquina de lavar roupa ou de um frigorífico.

 

A produção em massa, de que a linha de montagem é uma ferramenta essencial, destina-se a fabricar o mesmo produto repetidamente, cortando o chamado “downtime” e, portanto, baixando os custos de produção.

 

Se o cliente quisesse um Ford modelo T vermelho, a linha de montagem teria de ser interrompida para mudar os “cartuchos de tinta” (se é isso que usam). A produção em massa passaria a produção por lotes, onerando o produto final.

 

Quando passo por pessoas vestidas de preto, penso no Henry Ford e na liberdade de escolha. Certamente que as lojas oferecem uma variedade de cores, mas muitas clientes optam pelo negro.

 

Parece-me uma falsa liberdade, porque a moda tem os seus ditames e uma moça que queira dar ares de modernaça tem de virar negra. Em boa verdade vos digo que quem inventou a frase “escrava da moda” acertou na mouche. 

 

A pessoas têm livre-arbítrio ou são androides? Serão comandadas à distância por alienígenas – já agora vestidos de negro?

 

O Harari — consultor do WEF — argumenta que não têm livre-arbítrio. Para ele o negro não é uma escolha, é o resultado de processos neuronais inevitáveis. As amígdalas chutaram um impulso eléctrico para o corpo caloso e pimba, de negro se vestiram as vestais.

 

Custa-me a crer que estas ideias tenham aceitação filosófica, mas parece que sim.

 

Eu tenho uma visão contrária, os seres humanos têm livre-arbítrio e se se vestem de preto não foi porque foram salpicados de alcatrão, mas porque escolheram o conformismo sobre a diferença e o tribalismo sobre o individualismo.

 

Se as pessoas permanecessem em pseudocoma – como no “locked-in syndrome” – seria expectável que todos os pensamentos fossem predeterminados, mas na realidade não é isso que se passa. Recebemos constantemente “inputs” de conceitos culturais que não assentam em relações físicas e é nesse mundo que nós tomamos decisões únicas, que manifestam livre-arbítrio.

 

Deve haver muitos Henry Fords por aí no mundo da moda, para pintarem de negro a nossa existência.

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