06 julho 2024

A VIDA NO PALEOLÍTICO

 PALEOLÍTICO


Como seria a vida no Paleolítico Superior (30.000 a 10.000 AC)? O Paraíso na Terra do Rousseau ou o Inferno do Hobbes?

Gosto de viajar até esses tempos longínquos à procura da Natureza Humana, para extrair alguns princípios existenciais. Quem era o sapiens do paleolítico? O bom selvagem ou a besta humana?

 

A minha conclusão é que seria uma combinação de ambos; pacífico e altruísta em momentos de paz e abundância e feroz e implacável em momentos de incerteza e de conflito. Uma dualidade que permanece na essência da natureza humana e que reside no ADN da espécie.

 

Em termos políticos, esta dualidade ocupa todo o espaço possível, desaparecendo apenas nos extremos: a extrema-esquerda que nega a besta e a extrema-direita que nega o anjinho. Os partidos do arco do poder, neste século XXI, aceitam a dualidade e propõem políticas para minorar os excessos da “humanidade paleolítica”. A esquerda com políticas sociais para domar a besta e a direita com medidas policiais que procuram o mesmo resultado.

 

Poucos se preocupam com os anjinhos ou bons selvagens por serem mais fáceis de domesticar. Uma sociedade domesticada pode, porém, colapsar por invasões de bárbaros que comem anjinhos ao pequeno-almoço.

 

Qual será o melhor sistema político para lidar com a dualidade da natureza humana?

 

Não há uma receita universal porque as circunstâncias políticas variam ao longo das épocas. A guerra obriga à concentração do poder e à dissolução de todos e quaisquer direitos, enquanto a paz cria oportunidades para todos.

 

O que é fundamental é um Estado mínimo, mas forte, capaz de manter a segurança interna e externa e administrar a justiça de forma “cega” — minarquismo.


Ampliar estas funções enfia o bom selvagem numa camisa de forças e atiça a besta a lutar pela vida.

 

Um dos argumentos a favor do intervencionismo estatal é a igualdade e a fraternidade. A redistribuição da riqueza e o apoio aos pobrezinhos, dizem, pode devolver-nos ao estadio da igualdade paleolítica. Este argumento, normalmente invocado por economistas, é falso porque a igualdade não se mede em termos materiais.

 

As sociedades paleolíticas eram profundamente desiguais no único aspecto que conta: o acesso à fêmeas pelos machos alfa e o acesso a estes pelas fêmeas.

 

No minarquismo é possível controlar os bullies (raptos, violações) e promover uma igualdade de oportunidades. Os Estados gordos argumentam que estão a promover a igualdade, mas de facto estão a abrir o galinheiro às raposas.

 

Quando as minhas filhas eram pequeninas recorria com frequência à metáfora da “vida nas cavernas” para lhes explicar o que podiam esperar da natureza humana. Devo-o ter feito demais porque um dia a mais velha desabafou:

 

— Ó pai, não me fales mais dos homens das cavernas!

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