29 abril 2024

A Decisão do TEDH (140)

 (Continuação daqui)




140. A luz de Cristo

Ao longo dos últimos anos, eu vivi este processo com grande intensidade intelectual e emocional porque queria que ele servisse algum outro fim para além de mim próprio.

É, portanto, altura de revelar a figura que sempre me acompanhou e inspirou, que nunca me deixou abater, que me deu uma confiança sem limites e a certeza de que, no fim, a justiça iria prevalecer, nem que fosse no céu.

Eu estava a passar por aquilo que ele próprio passou. E se ele tinha conseguido, então eu, que sou homem como ele, também iria conseguir. Fortitude era a palavra de ordem.

Ele foi acusado de difamação, mas de difamação de Deus (blasfémia). Eu também fui acusado de difamação, embora de uns badamecos.

No caso dele, todas as regras do processo penal foram violadas e quando abriu a boca para se defender, levou uma bofetada. O meu caso não foi muito diferente. Na abertura de instrução nenhum dos meus argumentos foi relevado e no Tribunal de Matosinhos quando procurei defender-me, invocando a jurisprudência do TEDH, o juiz cortou-me a palavra.

Em todos os momentos do processo ele nunca teve medo, portou-se com enorme dignidade e até mesmo com uma certa altivez própria de quem sabe que está inocente. Eu procurei fazer o mesmo.

Ele acabou condenado e eu também.

Ele morreu e eu estive perto.

Mas o mais importante não foi nada disto. O mais importante é que ele consegue ser sempre uma figura inspiradora em todas as infinitas situações da vida, e eu vou agora mencionar as duas mais importantes em todo este processo, naquilo que está para trás e na missão que ainda tenho pela frente

A religião que ele fundou é a única das religiões em que Deus também é um homem e, reciprocamente, um homem também é Deus. Este facto é o que explica o enorme sucesso da civilização cristã em comparação com todas as outras civilizações - a enorme auto-confiança que Cristo inspira em quem nasce nesta civilização.

Qualquer homem (ou mulher) que nasça sob a aura do cristianismo está equipado espiritualmente para conseguir realizar as coisas mais extraordinárias na vida, para tornar possível o mais improvável dos impossíveis, aquilo que noutras religiões só é acessível a Deus. A razão é que nesta civilização um homem também é Deus.  

A outra inspiração é também extraordinária e, em certa medida, decorre da anterior. É a ideia de que um homem sozinho pode mudar o mundo. Na realidade, foi isso que ele próprio fez.

(Continua acolá)

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