19 fevereiro 2024

BURNOUT

 


Sentes-te derrotado pela vida? Acordas sem energia para o trabalho, perdeste o apego a tudo o que amavas, sentes-te desesperado e sem futuro?

 

BURNOUT!

 

Todos esses sintomas são um sinal claro de burnout. Significa que exigem de ti mais do que aquilo que tens capacidade de contribuir e que acumulaste um défice emocional e de reconhecimento que te deixa infeliz. Pensa, porém, que não estás sozinho.

 

O número de trabalhadores que apresentavam sinais de burnout, nos EUA, atingiu 60% em 2022. Uma cifra inimaginável que nos obriga a refletir e a perguntar porquê? E o que fazer?

 

Percebemos que não há Paraíso na Terra e que as mais das vezes parece que estamos numa corrida de ratos (rat race) de esforço intenso, mas uma corrida que, neste milénio, se transformou numa corrida de ratos na roda de exercício – esgota e não vamos a lado nenhum.

 

A evolução tecnológica, em vez de servir-nos, escravizou-nos. Perdemos toda a privacidade e somos assoberbados por solicitações constantes de todas as direções possíveis e imagináveis.

 

A financeirização da economia, no Ocidente, com a sua obsessão pelos lucros de curto prazo e consequente contenção de custos, cooptou-nos como colaboradores forçados e não remunerados. Como exemplo: somos obrigados a controlar a leitura dos contadores de gás, eletricidade e água; temos de fazer de caixa nos supermercados; temos de meter gasolina e pagar num caixeiro automático; temos de comprar bilhetes online e ainda têm a lata de nos perguntar se apreciamos o serviço.

 

No antigo paradigma, cada um tinha o seu emprego e tempo livre para si e para a família. No novo paradigma temos dezenas de “empregos” (funções) e muito pouco tempo para nós próprios. É a corrida na roda de exercício.

Claro que os cortes na despesa não se traduziram numa diminuição dos preços, antes pelo contrário. A inflação tem vindo a arruinar a classe média e é outro factor de burnout: vivemos mês a mês, sem segurança profissional e pessoal.

 

Milhentas solicitações e “ruído” deixam-nos num estado permanente de alerta e obrigam-nos a embarcar no chamado “multitasking”. Enquanto escrevemos um email, atendemos o telefone, respondemos a uma mensagem no WhatsApp e ainda vemos um clip no Youtube.

 

Esta dispersão prejudica a produtividade, em termos quantitativos e qualitativos, mas deixamo-nos cair na armadilha. De início porque não antevimos as consequências e depois porque não determinamos as causas e continuamos a enterrarmo-nos cada vez mais.

 

O burnout afeta também as relações pessoais, especialmente as relações familiares porque chegamos a casa exaustos e exasperados, sem paciência para dedicar atenção aos cônjuges e aos filhos. Assim, acabamos por alienar as pessoas que nos estão mais próximas, em quem mais confiamos e que mais nos poderiam ajudar.

 

Em particular, é difícil a intimidade conjugal sobreviver ao burnout dos parceiros, destruindo um alicerce importante da família.

 

Mudar de curso é fundamental, mas planear a longo prazo é quase impossível em burnout. A força de vontade é esmagada e as vítimas continuam a cavar depois de terem caído no poço.

 

O primeiro passo é fazer o diagnóstico do burnout. Algo que é mais difícil do que parece porque as circunstâncias que levam ao burnout parecem louváveis quando isoladas. O “workaholic” é o funcionário exemplar, o multitasking é um superpoder e as relações pessoais e familiares são caruncho do passado que podem ser substituídas pelos encontros do Tinder.

 

O burnout, porém, é uma realidade que se pode tornar fatal, como o “karochi” no Japão (morte por excesso de trabalho).

 

Depois de fazer o diagnóstico, o passo seguinte é reorganizar o nosso quadro de valores e focarmo-nos nos que são verdadeiramente importantes. Nesta fase, uma ajuda profissional pode fazer toda a diferença.

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