A democracia liberal e capitalista
Quando o Fukuyama escreveu o “Fim da História” (1992) invocou como argumento o facto de não existirem alternativas credíveis. A URSS tinha acabado de colapsar (1991) e não havia casos de sucesso no campo socialista.
No momento presente, contudo, debate-se se as chamadas democracias autoritárias poderão constituir essa alternativa.
O exemplo mais flagrante é a emergência da Rússia e “lato senso” o caso da China. A Rússia é, inquestionavelmente, uma democracia, embora liderada de forma musculada. A China (1 país 2 sistemas) é um regime de partido único, com alguma democracia interna (o partido tem cerca de 10 milhões de membros), mas num país com 1,4 MM de habitantes.
Relativamente ao Ocidente, é necessário considerar que há um declínio acentuado da democracia liberal e capitalista (DLC), que se traduz por violações flagrantes dos direitos cívicos e por um capitalismo de compadrio.
Um declínio formal, mas também económico, social e político. Emmanuel Todd (La Défaite de l’Occident) aponta a diminuição da esperança de vida e o aumento da mortalidade infantil nos EUA como prova demográfica deste fenómeno.
Onde estamos então?
1. Como é que a DLC pode ser o Fim da História (com H) se está em declínio
2. A democracia autoritária é uma alternativa?
A teoria no Fim da História nunca afirmou que todos os países iriam evoluir para a DLC e ficariam estagnados nesse ponto. Não, a história (com h) continua e os impérios colapsam.
Benjamin Franklin, relativamente à organização dos EUA, foi muito claro:
— ‹‹A republic if you can keep it››.
A DLC pode ser o auge da História, mas o pêndulo social vai e vem; sem suporte popular não há democracia que se aguente.
Em relação às democracias autoritárias, não acredito que constituam, a longo prazo, uma alternativa viável.
Imaginem um bolo gigantesco, a que vou chamar “O BOLO DO PODER”. A democracia liberal é o regime que distribui uma fatia a cada cidadão. Um fatia infinitesimal de poder, mas mesmo assim poder.
Os regimes autoritários só subsistem enquanto um grupo significativo de cidadãos se resignar a viver alienado da coisa pública. Resignado às migalhas e à indulgência dos oligarcas.
Eu continuo a acreditar no Fim da História (agora chamo-lhe O AUGE DA HISTÓRIA) porque acredito que no coração humano reside uma aspiração de liberdade e de participação social ativa.
Ninguém quer grilhetas, todos querem uma fatia do bolo do poder.
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