05 dezembro 2023

CIÊNCIA E CARIDADE

CIÊNCIA E CARIDADE

 



Esta pintura a óleo do Pablo Picasso foi executada em 1897 e está em exibição no Museu Picasso de Barcelona, onde tive o privilégio de a contemplar. Comprei uma cópia e pendurei-a no escritório de casa, para inspiração.

 

Os críticos vêem no médico a autoridade e o distanciamento da ciência e na freira, do lado oposto, a empatia e o carinho. A doente, colocada entre o dois, necessita dos conhecimentos médicos e do apoio “familiar”.

 

Esta visão, provavelmente, estaria na mente do Picasso, que tinha apenas 16 anos quando executou esta obra de arte, mas nunca foi o meu sentimento.

 

O médico, na minha perspectiva, representa “a ciência e a caridade”. Sentado ao lado da doente, a tomar-lhe o pulso, o médico não é apenas um profissional de saúde, é também um ser humano envolvido na relação médico-doente, dando confiança e esperança.

 

A freira, tratando do sustento e assegurando os cuidados à criança, é uma figura familiar. Ora a família não faz caridade, a família apoia e sustenta todos os membros. A empatia é algo que nos coloca no lugar do outro, mas que não leva necessariamente à caridade, que eu defino como ajuda aos débeis e desprotegidos.

 

Em defesa do meu argumento, eu chamo a atenção para o comportamento atual de alguns médicos, que mal tocam nos doentes e que se limitam a pedir análises e exames complementares de diagnóstico.

 

Atrás dos computadores, como qualquer amanuense, esse tipo de médico nem a ciência representa porque a medicina não é uma ciência, é uma profissão e uma parte importante dessa profissão é o humanismo.

 

Citando Abel Salazar: ‹‹Quem só sabe de medicina, nem de medicina sabe››.

 

O médico do quadro do Picasso é a Ciência e a Caridade. A freira é o amor.

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