22 novembro 2023

Um passo de gigante (62)

 (Continuação daqui)

Magistrado  António Vasco Guimarães (à direita na foto), ex-director do DIAP-Porto (Fonte: cf. aqui)


62. Um prodígio da invenção criminal 


Quem tiver acompanhado este blogue ao longo dos últimos cinco anos sabe que o tema dominante é a Justiça e que, dentro deste tema, o Ministério Público ocupa uma posição de destaque.

A razão foi frequentemente reiterada. O Ministério Público é a principal ameaça à democracia que existe no país, seguido do Tribunal Constitucional.

Ao longo destes anos procurei, entre outras questões, investigar o que é que leva os magistrados do Ministério Público a acusar pessoas inocentes, às vezes atribuindo-lhes dezenas de crimes de uma só vez, sobretudo tendo em conta que  as suas investigações criminais são investigações de sofá a ler jornais, a ver televisão ou a escutar telefones. 

A questão central da minha própria investigação sobre este tópico era, portanto, a seguinte: Existiria na cultura nacional uma tendência inata de certos portugueses para nascerem já com uma fortíssima propensão para inventar crimes e arguidos, da mesma maneira que o Messi ou o Maradona já nasceram fadados para inventar jogadas de futebol?

Ao fim de alguns anos de investigação a minha conclusão foi um afirmativo Sim. Um exemplo paradigmático foi o do pequeno Toni Guimarães, um prodígio da invenção criminal. Acabaria por ser admitido no Ministério Público ainda antes de fazer  22 anos de idade e subiria fulgurantemente na carreira até chegar a director do DIAP do Porto, um dos maiores centros de criminalidade inventada que existe no país.

Aos sete anos de idade já distribuía o estatuto de arguido generalizadamente pelos colegas de escola na pequena cidade de Mirandela, onde nascera, decretando ele próprio as medidas de coação: termo de identidade e residência para este, prisão preventiva para aquele, arresto do livro de leitura para aqueloutro. Aos oito anos, queria meter a professora primária na prisão e, meses depois, acusou a  própria mãe de tentativa de homicídio.

Foi um tio pelo lado materno que lhe descobriu a vocação, e o Toni ainda não tinha completado 10 anos quando a mãe vaticinou que o filho um dia chegaria a director do DIAP.

Não se enganou. As mães conhecem os filhos que têm: cf. aqui.

(Continua acolá)

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