(Continuação daqui)
62. Um prodígio da invenção criminal
Quem tiver acompanhado este blogue ao longo dos últimos cinco anos sabe que o tema dominante é a Justiça e que, dentro deste tema, o Ministério Público ocupa uma posição de destaque.
A razão foi frequentemente reiterada. O Ministério Público é a principal ameaça à democracia que existe no país, seguido do Tribunal Constitucional.
Ao longo destes anos procurei, entre outras questões, investigar o que é que leva os magistrados do Ministério Público a acusar pessoas inocentes, às vezes atribuindo-lhes dezenas de crimes de uma só vez, sobretudo tendo em conta que as suas investigações criminais são investigações de sofá a ler jornais, a ver televisão ou a escutar telefones.
A questão central da minha própria investigação sobre este tópico era, portanto, a seguinte: Existiria na cultura nacional uma tendência inata de certos portugueses para nascerem já com uma fortíssima propensão para inventar crimes e arguidos, da mesma maneira que o Messi ou o Maradona já nasceram fadados para inventar jogadas de futebol?
Ao fim de alguns anos de investigação a minha conclusão foi um afirmativo Sim. Um exemplo paradigmático foi o do pequeno Toni Guimarães, um prodígio da invenção criminal. Acabaria por ser admitido no Ministério Público ainda antes de fazer 22 anos de idade e subiria fulgurantemente na carreira até chegar a director do DIAP do Porto, um dos maiores centros de criminalidade inventada que existe no país.
Aos sete anos de idade já distribuía o estatuto de arguido generalizadamente pelos colegas de escola na pequena cidade de Mirandela, onde nascera, decretando ele próprio as medidas de coação: termo de identidade e residência para este, prisão preventiva para aquele, arresto do livro de leitura para aqueloutro. Aos oito anos, queria meter a professora primária na prisão e, meses depois, acusou a própria mãe de tentativa de homicídio.
Foi um tio pelo lado materno que lhe descobriu a vocação, e o Toni ainda não tinha completado 10 anos quando a mãe vaticinou que o filho um dia chegaria a director do DIAP.
Não se enganou. As mães conhecem os filhos que têm: cf. aqui.
(Continua acolá)
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