(Continuação daqui)
22. A conclusão é aterradora
A Operação Influencer conduzida pelo Ministério Público sob a chefia do procurador João Centeno está dirigida, entre outros, a ministros do Governo português, e até ao primeiro-ministro, tendo levado à queda do Governo e sido objecto de uma enorme retumbância internacional que afecta severamente a reputação de Portugal e de todos os portugueses.
Existe, por isso, um grande interesse em conhecer a verosimilhança das imputações criminais feitas pela equipa do procurador João Centeno aos arguidos deste caso.
Isso pode ser feito, colocando duas questões:
1) Quando o procurador João Centeno acusa uma pessoa de ser criminosa, qual a probabilidade de ela não ser criminosa? (isto é, qual a probabilidade de ele inventar criminosos?)
2) Quando o procurador João Centeno atribui um crime a uma pessoa, qual a probabilidade de esse crime não existir? (isto é, qual a probabilidade de ele inventar crimes?)
Se estas duas questões fossem postas no caso do chef Ljubomir Stanisic (cf. aqui), a resposta seria 100% para ambas, isto é, a certeza absoluta.
O chef Stanisic foi acusado pelo procurador João Centeno de um crime de suborno. O juiz de instrução invalidou a acusação, não levando o chef a julgamento. Por outras palavras, o procurador João Centeno inventou um criminoso e um crime que, na realidade, nunca existiram.
Porém aos olhos de um estaticista, esta resposta de 100% para ambas as questões é muito precária, porque o caso do chef Stanisic é um caso isolado, não existindo massa estatística suficiente (isto é, um número suficiente grande de casos) para se poderem estimar essas probabilidades com alguma credibilidade.
É diferente o caso da Operação Fénix (cf. aqui), de que o procurador João Centeno foi o acusador principal (auxiliado pela sua colega Filomena Rosado). Aqui existem dezenas de acusados e centenas de crimes imputados.
Segundo a Nota à comunicação social do próprio Ministério Público foram constituídos 57 arguidos (cf. aqui), embora na fase de instrução este número tenha sido reduzido para 54.
A resposta à questão 1) está em vias de ser encontrada. O procurador João Centeno acusou 57 arguidos. Destes, foram absolvidos 33 (três em fase de instrução e 30 em fase de julgamento). A probabilidade de o procurador Centeno acusar falsamente uma pessoa é, portanto, 33/57 = 58%.
Quanto aos crimes, no julgamento estavam imputados 248 crimes aos 54 arguidos. O colectivo de juízes do Tribunal de Guimarães condenou os arguidos em apenas 48, absolvendo-os dos restantes 200 crimes que lhes eram imputados pelo procurador Centeno (cf. aqui). Segue-se que a probabilidade de o procurador Centeno inventar crimes que não existem é 200/248 = 81%.
A conclusão a tirar é aterradora. A maioria das pessoas (58%) que o procurador Centeno acusa como sendo criminosas são, na realidade, inocentes. E dos crimes que ele imputa, a esmagadora maioria (81%) são pura invenção sua.
É este homem que esta semana deitou abaixo o Governo de Portugal, imputando crimes a torto e a direito a gestores, advogados e governantes do país.
(Continua acolá)
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