02 novembro 2023

SNS

SNS




 

“Levas o que pagas” ou na versão mais conhecida: “You get what you pay for”.

 

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma instituição soviética. As suas unidades são públicas (os meios de produção do Marx), os trabalhadores são funcionários públicos e a administração é centralizada e governada por comando e controle.

 

Quando chamo a atenção para este facto, especialmente em conferências, a reação é de deixarem cair os queixos, como se eu tivesse acabado de chegar num Panzer da Waffen-SS. Digo-lhes a verdade e pensam que os estou a insultar (Harry Truman).

 

Não me ofende nem me espanta a reação dos apparatchiks que servem e sugam o SNS, apenas me surpreendem as críticas dos gestores e economistas a quem recomendaria que devolvessem os respectivos diplomas às suas “alma maters” com o rótulo: “papel higiénico”.

 

Se aceitarmos a realidade da minha afirmação inicial, todo o caos e desajustamentos ficam explicados. As listas de espera, o encerramento das maternidades e urgências, a falta de programas de garantia de qualidade, a maior taxa de infeções nosocomiais (adquiridas no hospital) da Europa e etc., etc., e etc., não necessitam de mais explicações.

 

Num país que tem o maior número de médicos/capita do Ocidente (o dobro dos EUA — cito de cor), há sempre falta de médicos. Como na URSS havia falta de pão, de sapatos e de carros. A gratuitidade do acesso e o planeamento central explicam este paradoxo.

 

É muito engraçado que as portuguesas não suspeitem, à partida, de algo que é apresentado como gratuito. A sabedoria popular bem alerta: “O que é barato sai caro” e “Levas o que pagas”, mas aqui não funciona. Porquê? Talvez porque a população doente, a que verdadeiramente precisa do SNS, tem mais de 65 anos e as netas preferem gastar a nota num vestido da Zara do que com os avós.

 

Não tenho acompanhado de perto os escândalos do SNS que andam pelos média, nem vou acompanhar. É uma distração, como olhar para as árvores e esquecer a floresta. O problema é o sovietismo!


Os médicos que se rebaixam ao sistema são “comprados a peso de ouro” pelo Estado, directa ou indiretamente. Ou com compensações extraordinárias que podem ultrapassar os 20 a 30.000 €/mês ou com “oportunidades de participação em negócio” como serem consultores de laboratórios farmacêuticos ou de firmas de equipamentos e materiais (tudo sem conflitos de interesse, como se viu na C19).

 

Numa nota mais leve, deixem-me terminar com uma anedota do tempo da URSS: 

 

O camarada presidente Nikita Khrushchev, numa viagem a Nova York visitou um bordel e ficou deslumbrado com o charme. Sentindo-se ultrapassado pelos yankees, logo ordenou que o Kremlin investisse numa entidade idêntica em Moscovo.

 

Passado dois anos, o bordel moscovita lá foi inaugurado e no 1º dia teve um sucesso estrondoso, no 2º dia menos e no 3º já não tinha clientes. O Niquita, desesperado, indagou o que se passava:

 

— Camaradas, nós nem uma casa de meninas conseguimos gerir? Será que as raparigas são reacionárias, não são fiéis ao Marxismo-Leninismo?

 

— Camarada presidente, podemos assegurar uma lealdade absoluta porque a totalidade das funcionárias está no PC há mais de 50 anos.

 

 

No SNS também há muitas “meninas” que enriquecem à custa de não “trabalhar”. E claro está que quem se f*de é o utente.

Sem comentários: