20 outubro 2023

AUTORITARISMO ENVERGONHADO

AUTORITARISMO ENVERGONHADO




Se percorrermos o espectro político, da extrema-esquerda à extrema-direita, percebemos que os extremos defendem o autoritarismo puro e duro, quase como bandeira.

 

Os comunistas porque acreditam num fim-da-história paradisíaco, com igualdade total, num sistema em que cada um contribui de acordo com as suas capacidades e usufrui de acordo com as suas necessidades.

 

O mais racional para um comunista, portanto, é acelerar esse processo com vista ao Bem Comum. Quem se opõe é encostado à parede e terminado, por ser um reacionário esbirro da burguesia, que quer preservar os privilégios das classes dominantes.

 

Os fascistas e nazis porque acreditam numa hierarquia natural, assente nos conceitos de nação (e também raça) e de estado e num governo elitista, autoritário e centralizado.

 

O mais racional para um fascista, portanto, é aniquilar os movimentos políticos da oposição, apostando num sistema de partido único. Quem se opõe é encostado à parede e terminado, por ser um agente da subversão política.

 

Tanto comunistas como fascistas não reconhecem quaisquer direitos cívicos, desde o direito à vida até aos seus derivados, como a liberdade, a propriedade e a busca da felicidade.

 

No que diz respeito à propriedade, esse desprezo manifesta-se de maneira diferente entre comunistas e fascistas. Os comunistas nacionalizam e os fascistas e nazis colocam as empresas privadas ao serviço do Estado. O resultado é muito parecido: não otimizam os recursos disponíveis e o colapso económico é garantido.

 

Voltando ao espectro político, entre o comunismo e o fascismo há todas as nuances intermédias, que passam pelo socialismo, pela social-democracia, pela democracia cristã e pelo conservadorismo. Estas diferentes nuances não renegam os objetivos finais dos extremos, apenas divergem na forma de os atingir.

 

Os socialistas e sociais-democratas também sonham com paraísos na Terra, mas acreditam que lá podem chegar pela via dos impostos, da regulação e da intervenção seletiva do Estado. Os conservadores também sonham com um mundo organizado e próspero, mas acreditam que lá podem chegar pela via legislativa devidamente facilitada pela influência e pelo capitalismo de compadrio.

 

Diria que os movimentos entalados entre os extremos não desdenham das respetivas paternidades, apenas têm um pouco mais de vergonha na cara para assumir os seus desígnios.

 

Claro que numa altura ou noutra, o verniz estala e quer socialistas quer conservadores embandeiram em arco com ideias que seria melhor deixar nos extremos. Os socialistas, por exemplo, falam de ‹‹acabar com a pobreza›› e os conservadores, por exemplo, falam de ‹‹punir exemplarmente›› os prevaricadores da ordem pública.

 

Nas entrelinhas, porém, ‹‹acabar com a pobreza›› é uma desculpa para assaltar a propriedade privada e ‹‹punir exemplarmente›› é uma desculpa para a censura e a politização da justiça.

 

Ayn Rand afirmou que tanto a esquerda como a direita desprezam a liberdade porque acreditam na dicotomia corpo-espírito e ambos querem dominar a parte que se lhes escapa. A esquerda quer dominar o corpo/matéria e a direita quer dominar o espírito/ideias.

 

O espetro político é portante composto apenas por entidades prepotentes, autoritárias; assumidas nos extremos e envergonhadas no centro.

 

Sobre esse espetro paira o libertarianismo, que obviamente não é de esquerda nem de direita e que não pretende exercer autoridade sobre ninguém.

 

PS: Repetições foram propositadas para sobrepor as dimensões em análise.

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