03 agosto 2023

POSTAS DE PESCADA

Postas de pescada




 

Quantas postas de pescada é que se podem comer na vida? Para quem fez a quarta classe antes do 25/4, é uma pergunta fácil de responder – é só multiplicar as postas de pescada que se comem por ano por 80 e ver o resultado. Para quem acabou o liceu nos últimos 40 anos, porém, mais vale insultar o mensageiro por não ser vegan do que revelar a ignorância da geração mais bem preparada de sempre.

 

Quando coloco esta pergunta, claro que não procuro uma resposta aritmética, nem sequer uma resposta minimamente concreta, apenas o reconhecimento de que passar a vida a repetir os mesmos gestos e a dizer as mesmas coisas para as mesmas pessoas é uma sentença de morte.

 

Não que a pessoa caia para o lado, como um chinês que acabou de inspirar um fulminante Coronavírus, mas morte no sentido da zombificação da vida, do tédio e da inutilidade.

 

Muitos caem nesta situação por descrédito no País e no futuro. Dá náuseas ouvir a rádio ou ver televisão, não há pachorra para ler jornais e ouvir amigos e familiares a debitar o que aprenderam nos órgãos de comunicação social é pior do que levar com 4 jabs da Pfizer seguidos. Querem martirizar-me? Comprem uma pistola e matem-me!

 

Não penso que muita gente partilhe desta minha perspectiva, pelo gosto com que vejo as pessoas atirarem-se às ditas. Cozidas com todos, à galega, à romana, à vianense ou até no forno. Os comensais discutem se é fresca ou congelada e, depois do tira-teimas com a empregada, disputam quem tinha razão.

 

As Páscoas e os Natais são ocasiões para “postas de pescada”, que pelo menos no Natal são de bacalhau.

 

Os imigrantes, que são a grande maioria dos portugueses, porque ou andaram pela estranja ou adotaram costumes alienígenas, tentam apimentar um pouco estas ocasiões adicionando as gambas e as sapateiras à consoada, mas, meus amigos, mais vale ser tuga do que imigra.

 

É como se a patroa, para apimentar o relacionamento, depois de um jantar de postas de pescada, abrisse o robe para mostrar que tinha enfiado uns piercings nas mamas ou uma tatuagem no rabo. “Deus qui mi livre, Jesus amado”!

 

Se é para postas de pescada, não me convidem por favor. Congelem-me até as pescadas estarem extintas ou esturricadas pelo “global boiling”.

 

Haja paciência Senhor.

 

 

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