GESTORES DE PÉ DESCALÇO IV
Em posts anteriores defini os “gestores de pé descalço” como uma corja de oportunistas que se apresentam ostentando competências e funções que manifestamente não têm – chamei a este circo “apropriação profissional”, por comparação com a badalada apropriação étnica.
Onde estão “acoiados” estes charlatães? “Cherchez l’Etat“ – Procurem nas instituições públicas e nas participadas pelo Estado e encontrarão. Igualmente nas empresas altamente reguladas e condicionadas pelo Estado de modo que toda a modernização e estratégia está bloqueada.
Em Portugal, encontramo-los com facilidade nas universidades e nos hospitais, por estas instituições preencherem os requisitos que enunciei.
Vamos ao caso da saúde, que é o que conheço melhor. O SNS é uma organização coletivista, os hospitais e centros de saúde são públicos, os trabalhadores são funcionários públicos e todo o sistema é administrado por comando e controle, como na antiga URSS. Acresce ainda que o acesso dos utentes é gratuito (tendencialmente...) e que portanto se desconhece a utilidade que o SNS cria para os utentes.
Neste contexto não há espaço para GESTÃO, no amplo sentido da disciplina, apenas para ADMINISTRAÇÃO, isto é: para cumprir os desígnios do Ministério da Saúde.
Contudo, é o próprio Ministério da Saúde que propaga a ideia de que o SNS é gerido, nomeando até um CEO.
Ora vamos demonstrar que este CEO não é um verdadeiro gestor e que apenas surge investido dessa roupagem porque o Ministério da Saúde (MS) quer usurpar a imagem de eficiência do sector privado e enganar os tugas com essa ilusão.
O “Teste Ácido” reside na resposta à seguinte pergunta: O CEO do SNS pode extinguir o SNS?
Reparem, um gestor que aterre numa empresa sem futuro pode e deve trabalhar para o seu encerramento, com o mínimo de incómodo para os clientes e o mínimo de perdas para os investidores. Pensem na Polaroid, na Compaq ou na Blockbuster. Noutro casos é necessário refundar a empresa, como aconteceu com a IBM e a Kodak.
Agora pergunto, o CEO nomeado pelo MS pode encerrar ou refundar o SNS? Claro que não, porque não tem as funções de um verdadeiro CEO, é um administrador.
É curioso que seja o Estado a promover este tipo de desinformação, mas quando um tratamento experimental à base de mRNA é apresentado como uma vacina eficaz e sem problemas, estamos conversados. O que conta são as narrativas e atualmente não faltam aldrabões na política para as vender.
Portanto, enquanto as narrativas estiverem na moda não vão faltar os gestores de faz de conta.
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