11 agosto 2023

GESTORES DE PÉ DESCALÇO IV

 GESTORES DE PÉ DESCALÇO IV

 

Em posts anteriores defini os “gestores de pé descalço” como uma corja de oportunistas que se apresentam ostentando competências e funções que manifestamente não têm – chamei a este circo “apropriação profissional”, por comparação com a badalada apropriação étnica.



 

Onde estão “acoiados” estes charlatães? “Cherchez l’Etat“ – Procurem nas instituições públicas e nas participadas pelo Estado e encontrarão. Igualmente nas empresas altamente reguladas e condicionadas pelo Estado de modo que toda a modernização e estratégia está bloqueada.

 

Em Portugal, encontramo-los com facilidade nas universidades e nos hospitais, por estas instituições preencherem os requisitos que enunciei.

 

Vamos ao caso da saúde, que é o que conheço melhor. O SNS é uma organização coletivista, os hospitais e centros de saúde são públicos, os trabalhadores são funcionários públicos e todo o sistema é administrado por comando e controle, como na antiga URSS. Acresce ainda que o acesso dos utentes é gratuito (tendencialmente...) e que portanto se desconhece a utilidade que o SNS cria para os utentes.

 

Neste contexto não há espaço para GESTÃO, no amplo sentido da disciplina, apenas para ADMINISTRAÇÃO, isto é: para cumprir os desígnios do Ministério da Saúde.

 

Contudo, é o próprio Ministério da Saúde que propaga a ideia de que o SNS é gerido, nomeando até um CEO.

 

Ora vamos demonstrar que este CEO não é um verdadeiro gestor e que apenas surge investido dessa roupagem porque o Ministério da Saúde (MS) quer usurpar a imagem de eficiência do sector privado e enganar os tugas com essa ilusão.

 

O “Teste Ácido” reside na resposta à seguinte pergunta: O CEO do SNS pode extinguir o SNS?

 

Reparem, um gestor que aterre numa empresa sem futuro pode e deve trabalhar para o seu encerramento, com o mínimo de incómodo para os clientes e o mínimo de perdas para os investidores. Pensem na Polaroid, na Compaq ou na Blockbuster. Noutro casos é necessário refundar a empresa, como aconteceu com a IBM e a Kodak.

 

Agora pergunto, o CEO nomeado pelo MS pode encerrar ou refundar o SNS? Claro que não, porque não tem as funções de um verdadeiro CEO, é um administrador.

 

É curioso que seja o Estado a promover este tipo de desinformação, mas quando um tratamento experimental à base de mRNA é apresentado como uma vacina eficaz e sem problemas, estamos conversados. O que conta são as narrativas e atualmente não faltam aldrabões na política para as vender.

 

Portanto, enquanto as narrativas estiverem na moda não vão faltar os gestores de faz de conta.

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