10 julho 2023

VIVER NUM QUARTO ALUGADO

QUARTO ALUGADO




Por volta das 20/21 horas, nos dias de semana, é habitual vermos fulanos sentados ao volante de carros estacionados, aparentemente a fazerem horas. A fazerem horas para regressar a casa, como quem vem de trabalhos forçados e prolongados no local de trabalho.


O que é que motiva este comportamento tão anómalo? Será que têm em casa algum dragão-de-komodo à espera? Será que estão com medo das suas mordeduras gangrenosas?

 

Exatamente o contrário, à espera em casa têm mulheres esmeradas que se esforçam 24/7 por fazer um lar acolhedor e criar uma família feliz.

 

Por isso mesmo, quando o afortunado marido chega em casa, a mulher tem alguns requisitos fundamentais para esses mesmo fins. Por exemplo, tirar os sapatos à entrada e estacioná-los no lugar indicado. Pendurar o casaco no cabide que está mesmo ao lado da porta. Nos dias de chuva, colocar o guarda-chuva aberto na casa de banho, mas sem salpicar o chão, etc.

 

Se a bexiga vem a rebentar, o bacano deve ignorar a mangueira que Deus Nosso Senhor providenciou aos homens para tais finalidades e sentar-se na retrete, como uma fadinha do lar, para não deixar pingos no tampo.

 

Os homens solteiros, que vivem nos seus eidos fétidos, não fazem a mínima ideia do empenho que uma boa dona de casa espera dos parceiros e, por mais exaustivos que fossem os meus exemplos, apenas se ririam de mim por os acharem doentiamente exagerados.

 

Os casados, não necessitam de exemplos. E os que tiveram mais sorte na escolha das consortes, ao lerem estas linhas, apenas respiram fundo como um condenado que caminha para a cadeira elétrica e ouve do guarda prisional o famoso ‹‹Dead Man Walkn’››. Sabem que estão condenados à pena capital!

 

Alguns fininhos, cheios de esperteza saloia, pensam que podem escapar ao fatal destino que uma boa mulher lhes prepara. Pensam que entram na cozinha de mansinho e que, com uns toques reveladores e uns beijos bafientos no pescoço, conseguem anular a sentença que os aguarda... pois é...

 

— Mor, é tão bom vir para casa para a tua beirinha.

— Deixa-te de macacadas, vai mas é levar o lixo e aproveita para comprar pão fresco para amanhã.

 

Bom, pelo menos uma boa noite de sexo ardente compõe a cena, não é? NÃO!

 

Nenhuma mulher está de pernas abertas para um animal que nem se sabe comportar em casa. E muito menos para um maridinho querido que lhe faz todas as vontadinhas; passa essa.

 

Respeitem, portanto, os maridos e chefes de família que aguardam nos carros a hora da janta. Conformaram-se, sabem que não valem a pena as contraofensivas contra um adversário entrincheirado, belicoso e bem armado. São homens que sabem que perderam o “direito de domicílio” e que, na realidade, estão confinados a viver numa espécie de quarto alugado a uma matrona.

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