(Continuação daqui)
8. Para quando um santo rico?
No livro fundador da moderna Economia, "A Riqueza das Nações" (1776), Adam Smith disse explicitamente ao que vinha. Ele vinha tratar da Riqueza. É lamentável que dois séculos e meio depois, a Economia de Francisco e a maioria dos pronunciamentos económicos da Igreja continuem centrados no seu oposto - a Pobreza.
A Economia de Francisco ambiciona acabar com a pobreza no mundo através do sentimento de fraternidade universal, organizando uma economia à escala planetária centrada no amor ao próximo, na comunhão e na partilha, tal qual se praticam no âmbito da família convencional.
É lamentável que nunca ninguém tenha dito ao Papa Francisco que, pelo menos no âmbito económico - onde, de resto não se lhe conhecem credenciais - os seus pronunciamentos são um conjunto de frases vazias de conteúdo, racionalmente inarticuláveis, sem qualquer conteúdo empírico, na maior parte puro wishful thinking, verdadeiras patacoadas e que, se conduzem a algum resultado, esse resultado não é o de aliviar a pobreza dos pobres, mas sim o de tornar todos pobres, a começar por aqueles que o não eram.
A pobreza mata - é um facto estatístico bem comprovado. E se mata entre os adultos, mata muito mais cruelmente entre as crianças, que não têm possibilidade de se defender dela.
O maior crime que a Igreja tem cometido sobre as crianças nas últimas décadas não é o dos abusos sexuais, embora esse seja um crime de monta. O maior crime é a defesa de ideias económicas - como as da Economia de Francisco - que matam crianças, para além, obviamente, de matarem adultos também.
A seguir, as taxas de mortalidade infantil (número de crianças que morrem antes de atingirem um ano de idade por cada 1000 nascimentos) mais baixas e mais altas no mundo. Escusado será observar que as mais baixas ocorrem nos países ricos e as mais altas nos países pobres.
Mais baixas Mais altas
2. Hong Kong 1 2. Serra Leoa 70
Fonte: The Economist, "Pocket World in Figures 2022", London, p. 93.
Por cada 1000 crianças que na última semana nasceram na Serra Leoa, 70 morreram ou vão morrer, antes de atingirem um ano de idade. Destas 70 que morreram ou vão morrer, se tivessem nascido num país rico como a Finlândia, a Alemanha, a Itália ou o Japão, 68 ou 69 teriam sobrevivido.
Quando é que a Igreja deixa de exaltar e santificar a pobreza? Quando é que a Igreja, cujo magistério influencia cerca de bilião e meio de espíritos no mundo, passa a exaltar e a abençoar a riqueza?
Para quando um santo rico que possa servir de exemplo e de inspiração, em lugar da lenga-lenga do pobrezinho e do coitadinho?
(Continua acolá)
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