23 dezembro 2022

Um juiz da Diocese (17)

 (Continuação daqui)



17. Só querem é tachos

A primeira actividade pública que eu conheci do juiz Patto foi a sua condição de presidente da Assembleia Geral da Associação o Ninho e que me levou a escrever o primeiro post sobre ele (cf. aqui).

Depois, fui procurar saber o que faz a Associação o Ninho. Trata-se de uma associação ligada à Igreja Católica e que alegadamente se dedica a proteger mulheres da prostituição.

Fiquei apreensivo quando numa conferência dedicada à prostituição, para comemorar os 50 anos da Associação O Ninho (cf. aqui), havia padres, políticos, familiares de políticos, académicos, até havia um juiz, precisamente o juiz Patto, que era apresentado como um especialista em prostituição. Prostitutas é que não havia nenhuma.

E se eu tinha iniciado a minha investigação com uma questão no espírito - "Quantas mulheres terá tirado a Associação O Ninho da prostituição? " -, em breve passei a ter duas, "Onde é que o juiz Patto teria adquirido o estatuto de especialista em prostituição, e se a sua formação teria sido só teórica ou também prática?".

Depois de muito puxar pela cabeça cheguei à conclusão de que a Associação O Ninho era um lóbi com um orçamento de meio milhão de euros ao ano, quase todo financiado por subsídios do Estado, e isso explicava a profusão de políticos e de familiares de políticos nos seus eventos e na sua comissão de honra. E até deixei tudo por escrito: cf. aqui.

Recentemente, dei com um vídeo da Ana Loureiro, uma mulher que sabe do que fala, e que valida todas as minhas teses (cf. aqui, min. 2:00 e segs). Referindo-se às associações como O Ninho, diz ela: "Temos aqui um monopólio de associações que não são associações nenhumas, só querem é tachos..."

Fica também uma última conclusão, que é a de que a pior forma de prostituição não é, nem de longe, a da Ana Loureiro, uma mulher que assume aquilo que faz e que é o seu modo de vida. É a do juiz Patto, um moralista que, nas sua decisões judiciais (cf. aqui), decide a favor daqueles que lhe asseguram o tacho (cf. aqui).


(Continua acolá)

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