08 novembro 2022

Um juiz do Supremo (81)

 (Continuação daqui)



81. Um matarruano 


A frase tem história neste blogue (cf. aqui e aqui) e, nos últimos dias, vem-me recorrentemente ao espírito em versão ligeiramente diferente. 

É uma frase proferida em forma interrogativa por um padre católico, quando um médico decidiu provocá-lo invocando a superioridade da cultura protestante em relação à cultura católica.

Na conversa estava em jogo o confronto entre a liberdade de interpretação da Bíblia pelo homem comum (que deu origem às liberdades religiosa, de pensamento e de expressão de onde nasceu a democracia) que é típica da cultura protestante, por oposição à interpretação oficial da Bíblia, que é dada pelos padres da Igreja na cultura católica (e que mata as liberdades religiosa, de pensamento e de expressão, e também a democracia) .

Foi no auge desta conversa que o padre católico respondeu às provocações do médico com um ar aparentemente resignado e vencido, mas com uma interrogação fulminante:

-Oh doutor, mas já imaginou o que é um matarruano a interpretar a Bíblia?

Eu posso afirmar que, depois desta história me ter sido contada, já imaginei, por diversas vezes, o que é um matarruano a interpretar a Bíblia, e o resultado não é muito animador.

-E a juiz do Supremo?

O resultado é ainda pior.

(Continua acolá)

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