17 julho 2022

com delicadeza papal

Em baixo, um excerto do discurso do Papa Francisco ao Movimento dos Focolares em Fevereiro de 2021, por ocasião da sua Assembleia Geral (ênfases meus).

Os jesuítas são os principais críticos dos Focolares no seio da Igreja (cf. aqui) e o Papa é jesuíta. Na altura, já eram conhecidos os abusos sexuais cometidos no seio do Movimento. O Papa refere-se a eles com delicadeza papal. É ainda com delicadeza papal que Francisco alerta para os perigos da autorreferencialidade e da autocelebração, duas características típicas das seitas, que é como os Focolares são vistos por uma boa parte da Igreja Católica e, certamente, pelos jesuítas:


"Esta atitude de abertura e diálogo ajudar-vos-á a evitar qualquer autorreferencialidade, que é sempre um pecado, uma tentação de olhar para o espelho. Não, isto é negativo! Só serve para se pentear de manhã e nada mais! Evitar qualquer autorreferencialidade, que nunca vem do espírito bom, eis o que esperamos para toda a Igreja: estar alerta ao fechamento em si mesmo, que leva sempre a defender a instituição em detrimento das pessoas, e que também pode levar a justificar ou encobrir formas de abuso. Foi com muita dor que o experimentamos e descobrimos nos últimos anos. A autorreferencialidade impede de ver erros e falhas, atrasa o progresso, dificulta uma verificação aberta dos procedimentos institucionais e estilos de governo. É preferível ser corajoso e enfrentar problemas com parrésia e verdade, seguindo sempre as indicações da Igreja, que é Mãe, é verdadeira Mãe, e respondendo às exigências da justiça e da caridade. A autocelebração não presta um bom serviço ao carisma. Não! Trata-se, antes, de acolher cada dia com admiração — não vos esqueçais que a admiração indica sempre a presença de Deus — o dom gratuito que recebestes, encontrando o vosso ideal de vida e, com a ajuda de Deus, procurar corresponder-lhe com fé, humildade e coragem, como a Virgem Maria após a Anunciação" (cf. aqui).


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