Eduardo Paz Ferreira: "A ideia das finanças sólidas, que remonta a Salazar, voltou a fazer carreira" (cf. aqui).
Não sei onde é que a a ideia voltou a fazer carreira. Enquanto a esposa de Paz Ferreira, Francisca van Dunem, foi ministra da Justiça não fez carreira de certeza.
Primeiro, Salazar nunca toleraria que uma magistrada do Ministério Público, promovida misteriosamente a juíza conselheira enquanto desempenhava funções políticas, fizesse aprovar leis em Conselho de Ministros que aumentavam os vencimentos dos juízes conselheiros (ela incluída) de maneira extraordinária e os punha a ganhar mais do que o próprio primeiro-ministro (cf. aqui).
Segundo, Salazar toleraria ainda menos que a esposa de Eduardo Paz Ferreira se reformasse com a categoria e o vencimento de juíza conselheira sem nunca ter desempenhado essas funções. Escrupuloso como era, Salazar consideraria isso uma burla à Caixa Geral de Aposentações (cf. aqui).
Aquilo que se passou com a esposa de Eduardo Paz Ferreira foi um forrobodó e não tem nada que ver com a ideia de finanças sólidas de que Salazar era, de facto, um adepto: "Não se brinca com o dinheiro dos contribuintes e nenhum governante está autorizado a utilizá-lo em benefício próprio e da sua corporação", podia ser o lema de Salazar.
E que lema mais bonito. O nepotismo nunca foi tolerado por Salazar. O mesmo não se pode dizer de governantes mais modernos e democráticos.
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