(Continuação daqui)
SIC Notícias: "Costa quer perceber e resolver os problemas dos portugueses que votaram no Chega" (cf. aqui)
6. A tradição do Trabalho
O CHEGA é um partido conservador das tradições portuguesas e que se apresentou às eleições legislativas com um lema em que exibe quatro dessas grandes tradições "Deus, Pátria, Família e Trabalho".
É da tradição do Trabalho que vou tratar a seguir.
Os sindicatos foram criados no século XIX para proteger os trabalhadores mais desfavorecidos que eram vítimas fáceis de abusos do poder de mercado por parte dos seus empregadores. Em Portugal, ainda há poucas décadas existiam sindicatos dos metalúrgicos, dos vidreiros, dos trabalhadores têxteis, etc., mas hoje, se ainda existem, já ninguém ouve falar deles.
Os sindicatos hoje em Portugal "protegem" trabalhadores altamente qualificados - v.g., juízes, professores, médicos, procuradores do MP, trabalhadores dos impostos, pilotos da TAP, etc. - e quase todos tendo o Estado como patrão, que é o patrão ideal para um sindicato porque é o mais permissivo às suas reivindicações. (Quem controla o dinheiro do Estado não é o seu dono - o povo - mas algum político ou administrador público em seu nome. Não custa ceder às exigências dos sindicatos quando se cede com o dinheiro dos outros).
Os trabalhadores humildes ficaram sem protecção. Ora, uma boa parte deles habita na área suburbana de Lisboa, os chamados dormitórios da capital - Loures, Amadora, linha de Sintra, Margem Sul - onde o CHEGA tem, em termos relativos, uma boa implantação. Não é difícil compreender porquê.
São pessoas que diariamente se levantam cedo para ir trabalhar a Lisboa, passando uma parte do seu dia nos transportes públicos. Têm profissões modestas e ganham modestamente, sobretudo sabendo-se como o custo de vida na área metropolitana de Lisboa é elevado. São pessoas humildes mas que têm orgulho em se sustentarem a si próprias e às suas famílias. Por vezes, vivem em bairros problemáticos onde a sua segurança pessoal e a dos seus nem sempre está garantida.
Ocorre, por vezes, a estas pessoas, que todos os dias se levantam de madrugada para o trabalho e regressam à noite do trabalho, darem-se conta de que alguns dos seus vizinhos não trabalham e têm um nível de vida que é praticamente idêntico ao seu. São vizinhos que vivem dos subsídios do Estado que são pagos com os impostos de quem trabalha. O sentimento de injustiça é inevitável.
Estas pessoas não têm um sindicato que exprima os seus protestos e reivindicações, a comunicação social não as ouve, o Estado só se lembra delas quando é para lhes sacar impostos. Estas pessoas encontraram no CHEGA a instituição que lhes dá voz, exprimindo a sua revolta, a sua indignação e o seu protesto.
Enquanto o Estado socialista, com os seus múltiplos subsídios para isto e para aquilo, continuar a subsidiar a ociosidade permanente, ao mesmo tempo que sobrecarrega de impostos aqueles que trabalham, só pode esperar que as fileiras do CHEGA continuem a aumentar.
Nas zonas suburbanas de Lisboa, pontualmente em outras zonas do país, especialmente no Alentejo, o CHEGA veio seduzir uma parte do eleitorado que outrora votava no Partido Comunista.
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