10 janeiro 2022

a elite e o povo

Naquela frase que indiquei em baixo (cf. aqui) segundo a qual "As ideias são mais importantes do que as pessoas", o João Cotrim de Figueiredo disse tudo para explicar por que é que a Iniciativa Liberal nunca será uma grande partido em Portugal.

a) Dar prevalência às ideias sobre as pessoas é exactamente o contrário do princípio da cultura portuguesa, que dá prevalência às pessoas sobre as ideias.

b) A Iniciativa Liberal é um partido de intelectuais ("quadros") quando a cultura portuguesa não é uma cultura do intelecto (é racional/não é racional), mas uma cultura do coração (gosto/não gosto).

c) Muitos autores, ao longo da nossa história, incluindo Salazar, reconheceram a necessidade de elites na sociedade portuguesa, mas ao mesmo tempo queixavam-se quão difícil era encontrar ou formar elites em Portugal. 

A razão é que as pretensas elites bem-pensantes (aquelas que põem as ideias acima das pessoas), não gostam do povo, na realidade, desprezam o povo. E o povo retribui-lhe na mesma moeda, não gosta das suas pretensas elites.

O CDS foi um caso e a IL vai pelo mesmo caminho - o de desprezar o povo - porque, evidentemente, o povo não tem ideias, que são a coisa mais apreciada por essa pretensas elites, e apreciada mesmo acima das pessoas.

Em Portugal, a primeira condição para se fazer parte de uma verdadeira elite é gostar do povo, incluindo aquela parte do povo que, aos olhos dos militantes da IL, é bronco e não tem ideias.

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