18 junho 2021

Hands on experience

 

Uma alegria
(Fonte: Google imagens)

Eu tenho andado a pensar onde é que o eurodeputado Paulo Rangel irá gastar os dez mil e tal euros que há duas semanas transferi para a sua conta bancária para lhe reparar a honra ofendida (cf. aqui).

Creio que já descobri.

Vou explicar.

Eu tinha sido absolvido em primeira instância do crime de ofensa à honra do eurodeputado Rangel. Mas no recurso, no Tribunal da Relação do Porto (TRP), fui condenado (cf. aqui).

Decisivo na condenação foi o juiz Pedro Vaz Patto, ajudado pelo juiz Francisco Marcolino, este uma velha raposa a enriquecer com a honra.

Nesse dia, fui procurar saber quem era o juiz Vaz Patto e comecei por dar com ele num artigo do Observador a defender a abolição da prostituição, e assinando o artigo na qualidade de presidente da  Assembleia Geral da  Associação "O Ninho" (cf. aqui).

Em seguida, fui saber quem era a Associação "O Ninho" e dei de caras com o juiz Vaz Patto, agora como conferencista, e - surpresa das surpresas! -, também com o eurodeputado Rangel na Comissão de Honra dos 50 anos da Associação (cf. aqui)

Quer dizer, eu tinha acabado de descobrir que o juiz Vaz Patto e o eurodeputado Paulo Rangel eram amigos, e eles os dois tinham acabado de descobrir uma nova forma de financiamento da Associação "O Ninho" e de custear as idas ao estrangeiro do juiz Vaz Patto para assistir a conferências sobre prostituição (já que, tanto quanto sei, o Tribunal da Relação do Porto não paga estas deslocações ao juiz). 

Porém, aquilo que me prendeu mais a atenção não foi sequer este aspecto, mas a comparação das duas conferências. No artigo do Observador,  o juiz Vaz Patto reportava que tinha ido a uma conferência na Alemanha sobre prostituição onde tinham estado presentes prostitutas ao vivo. Tudo isto contrastava com a conferência dos 50 anos da Associação  "O Ninho" em Lisboa onde só tinham estado presentes padres e políticos, para além do juiz Vaz Patto que é uma mistura das duas coisas e também especialista em prostituição.

Ora - pensei eu - é muito mais interessante para um homem ir a uma conferência sobre prostituição onde se podem ver prostitutas ao vivo, como a de Mainz na Alemanha, do que a uma conferência sobre prostituição onde só há padrecas e políticos, como a de Lisboa, ainda por cima com o juiz Vaz Patto na qualidade de especialista na matéria.

Por isso, eu estou hoje convencido que o eurodeputado Paulo Rangel vai doar os dez mil euros que recebeu de mim à Associação "O Ninho" para o juiz Vaz Patto poder continuar a deslocar-se ao estrangeiro para assistir a conferências sobre prostituição onde possa interagir com prostitutas de verdade.

Ambos ficam a ganhar. Para efeitos fiscais do eurodeputado Rangel, o donativo à Associação "O Ninho" é majorado em 50%, quer dizer, ele dá 10 mil euros mas pode deduzir 15 mil para efeitos de IRS. Quanto ao juiz Vaz Patto, dez mil euros dá para uma série de deslocações de luxo ao estrangeiro para assistir a conferências sobre prostituição, incluindo avião em primeira classe, hotel de cinco estrelas, transporte VIP de e para o aeroporto, restaurante com estrela Michelin e ainda duas ou três quecas por dia.

É que, para um especialista em prostituição como o juiz Vaz Patto, eu já me tinha interrogado por mais do que uma vez onde é que ele teria adquirido a formação prática na matéria, aquilo a que os ingleses chamam "hands on experience" (cf. aqui). Em conferências sobre prostituição em Portugal, é que não foi de certeza.

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