Eu gostaria de ter estado presente ontem no Tribunal da Instrução Criminal do Porto - essa relíquia da Inquisição - para assistir à sessão instrutória do caso Selminho, em que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, é acusado de um crime de prevaricação pelo Ministério Público, representado pelo procurador Nuno Serdoura (cf. aqui, aqui e aqui).
Agora, como antes, por mais que leia notícias sobre o assunto, eu não consigo ver onde é que está o crime. Mas isso é capaz de não ser surpreendente porque o Ministério Público é especialista em fabricar crimes invisíveis.
Faz hoje precisamente três semanas que o juiz Ivo Rosa, no âmbito da Operação Marquês, depois de andar dois anos à procura dos 189 crimes que o Ministério Público atribuiu aos 28 arguidos, só encontrou indícios de 17 crimes e de cinco arguidos. Os outros eram invisíveis.
Tinha-me esquecido de dizer que além de ser especialista em fabricar crimes invisíveis, o Ministério Público também se especializa em fabricar criminosos invisíveis. Na Operação Marquês foram 23 de uma assentada.
Ontem no TIC do Porto, não houve nem faca nem alguidar, e muito menos sangue, porque os crimes de faca e alguidar o Ministério Público deixa para a Polícia Judiciária investigar (porque sujam muito as mãos). Os crimes investigados pelo Ministério Público encontram-se no meio de papeis e assim acontece no crime atribuído ao presidente Rui Moreira.
A coisa não envolve sangue, mas envolve uma procuração. É tudo o que se sabe. Mas com tanta gente à volta, incluindo jornalistas, é bem capaz de se acabar por encontrar o crime.
Ah, já me esquecia de um detalhe que pode ser importante para a sua descoberta. O crime é órfão, "não tem pai nem mãe", segundo o procurador Nuno Serdoura (cf. aqui).
Sem comentários:
Enviar um comentário