Um Bolsonaro avant la lettre
Passaram agora seis anos sobre a data em que José Sócrates foi preso. Estava-se a pouco mais de um ano das eleições presidenciais que tiveram lugar a 24 de Janeiro de 2016 e que foram ganhas folgadamente por Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente que agora se recandidata ao lugar.
Inconformado com a injustiça, Sócrates escreveu uma carta manuscrita e várias vezes rasurada a partir da prisão de Évora onde dizia que o sistema vivia da "cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas e do cinismo dos professores de Direito" (cf. aqui) , uma óbvia referência a Marcelo Rebelo de Sousa que nessa altura tinha um programa de comentário na televisão com ampla audiência.
Marcelo fez ouvidos moucos sobre aquilo que na altura parecia, e que os anos confirmaram, ser uma manifesta injustiça sobre o ex-primeiro-ministro. Passados mais de seis anos, ainda não se sabe ao certo sobre que crimes - se alguns - Sócrates vai ser acusado, e muito menos se sabe ao certo se algum dia ele será ser condenado.
Um procurador do Ministério Público e um juiz de instrução, em conluio, sem qualquer simpatia pela ideologia política e pela pessoa do ex-primeiro ministro, mataram o candidato que se perfilava para disputar a presidência da República com Marcelo Rebelo de Sousa.
Dois anos depois, a história repetia-se no Brasil. De novo um procurador do Ministério Público em conluio com um juiz de instrução, simulando estarem a fazer justiça, mas estando, na realidade, a fazer política, puseram na cadeia Lula da Silva, permitindo a Jair Bolsonaro ganhar confortavelmente as eleições presidenciais.
É este sistema de justiça que, parecendo estar a fazer justiça, está na realidade a fazer política que tem de desaparecer de Portugal (e do Brasil, onde Portugal também o implementou).
É este sistema de justiça corrupto que permitiu a Marcelo Rebelo de Sousa ser um Bolsonaro avant la lettre.
Em cinco anos de mandato, Marcelo, Professor de Direito, não mexeu uma palha para reformar o sistema de justiça corrupto que contribuiu para o pôr no lugar, e que sistematicamente é condenado nos tribunais internacionais.
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