22 janeiro 2021

Inquisição e socialismo


No seu livro "La Inquisición Española - Crónica Negra del Santo Ofício", Joseph Perez, a certa altura,  compara a Inquisição com os sistemas de justiça dos países de Leste, tomando como referência o livro  "A Confissão" de Arthur London, que foi uma das vítimas dos processos de Praga nos anos 50.

O meu propósito ao reproduzir em baixo os pontos essenciais dessa comparação é chamar a atenção para o que se passa actualmente em Portugal no que diz respeito ao Ministério Público, em particular, e ao sistema de justiça, em geral.

1. Desde el principio,  lo que más chocó en el Santo Ofício fue el secreto que envolvía todo: el reo no sabía quién le acusaba ni de qué. Lo mismo hacían los investigadores del partido en Praga (...).

Comentário. Trata-se aqui do segredo de justiça, a que me referi num post em baixo (cf. aqui), que vigora em Portugal para exclusivo benefício do Ministério Público. Trata-se de uma das mais distintivas heranças da Inquisição e que esta passou aos países socialistas, como é hoje Portugal.

2. Em ambas situaciones - en la España inquisitorial y en los regímenes estalinianos -, una vez pronunciada la sentencia, la misma infamia social caía sobre la família del reo (...).

Comentário. O principal propósito dos longos processos do Ministério Público, como várias vezes tenho referido, é destruir a reputação das pessoas, lançando sobre elas suspeitas duradouras, das quais dificilmente conseguem libertar-se em vida.

3. Otro rasgo común a la Inquisicón y al totalitarismo estaliniano es la desconfianza con que se mira a los que han viajado al extranjero y, por lo tanto, han estado en contacto com herejes o inimigos del pueblo (...).

Comentário: Trata-se aqui do carácter provinciano e fechado, atávico,  que domina a cultura do nosso sistema de justiça, a começar no Ministério Público. Tudo o que é novo e desconhecido - especialmente ideias e pessoas - é visto com desconfiança e possível alvo de perseguição.

4. Se vigila sobre todo a los que desempeñan cargos públicos y ocupan posiciones destacadas por la infuencia que pueden tener en la sociedad (...)

Comentário: Os jornalistas e os governantes portugueses, incluindo o primeiro-ministro, não devem estranhar serem espiados e terem os seus telefones escutados pelo Ministério Público.

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