23 julho 2020

Pouparam o patrão

"Enquanto o doutor Ricardo Salgado esteve à frente do BES, o BES nunca falhou um pagamento aos meus clientes. A partir do momento em que o Banco de Portugal tomou conta disto tudo, nunca mais receberam um cêntimo. Essa é que é a verdade" (cf. aqui)

A acusação do Ministério Público branqueia por completo o papel do Estado e das instituições do Estado - designadamente´o Governo e o Banco de Portugal - na queda do BES.

Não surpreende. Os procuradores do MP são funcionários do Estado. Pouparam o patrão. É no que dá a acusação criminal estar monopolizada por uma instituição do Estado.

Não surpreende também o julgamento popular que os "juízes" Rui Rio e Marques Mendes têm feito acerca do caso BES. Foi o seu partido que estava no poder quando o Governo cometeu aquele que é, na minha opinião, o maior erro económico de um Governo português em democracia - deixar cair um banco com a dimensão do BES. Até um estudante de primeiro ano de Economia sabe que isso não se faz.

A acusação do MP não atribui qualquer responsabilidade ao Governo ou a outra instituição do Estado na resolução do BES, mesmo se o MP recebeu queixas contra a intervenção das instituições do Estado no processo. Fez ouvidos moucos. Eu não tenho hoje dúvida nenhuma que o principal foco de corrupção da Justiça em Portugal está no Ministério Público. É no Ministério Público que se politiza a Justiça e que, em primeiro lugar, se corrompe a Justiça.

No caso BES, segundo o Ministério Público, os trapaceiros estão todos no sector privado. No sector publico é tudo gente séria e competente.

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