"O [presidente do colectivo de juízes] parecia como que incomodado ou envergonhado com o facto de a investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal - que criticou repetidas vezes - tivesse produzido o resultado que produziu: em 47 crimes que estavam imputados, apenas sete foram considerados provados; dos 21 arguidos, apenas quatro foram condenados, dois a penas suspensas e outros dois a multa" (cf. aqui)
É este o registo estatístico do processo dos Vistos Gold, a que me referi no post anterior, e que mostra aquilo que de mais tenebroso existe na Inquisição (hoje, Ministério Público) - acusar pessoas inocentes.
Foram acusadas 21 pessoas no processo, mas apenas quatro foram condenadas, uma taxa de acerto de 19%. Foram imputados 47 crimes aos acusados, mas o tribunal só deu sete como provados, uma taxa de acerto de 15%.
Agora, as perguntas:
O que é que aconteceria
-a um cirurgião que, em cada 100 cirurgias que realiza, só 20 saem bem, deixando o doente incapacitado ou morto nas restantes 80, ou operando-o ao fígado quando, na realidade, ele precisava de ser operado aos intestinos?;
-a um motorista que em cada 100 viagens, só em 20 chega ao destino, nas outras 80 deixando ir o autocarro por uma ribanceira abaixo?
-a um empregado de restaurante que só acerta em 20% das encomendas dos clientes, errando nas outras 80% (v.g., o cliente encomenda arroz de pato e ele serve-lhe bacalhau com batatas)?
-a um engenheiro civil que constrói casas mas só 20% se mantêm de pé porque as outras 80% caem sobre a cabeça dos inquilinos ao fim de um mês de serem habitadas?;
-a um piloto de aviões que só em 20% das viagens chega ao destino, espetando o avião pelo caminho nas outras 80%?
Só aos inquisidores é que não acontece nada.
E isso é compreensível porque eles são os melhores magistrados do mundo (cf. aqui).
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