A ideia de que a China iria salvar o mundo nesta crise do coronavírus fornecendo ventiladores - à qual os governantes portugueses aderiram com uma velocidade invejável (cf. aqui) - é uma ideia francamente exagerada, que pode ser ruinosa e, pior ainda, fatal:
1. Existem apenas oito empresas chinesas certificadas pela União Europeia para produzirem ventiladores.
2. O processo de certificação de novos ventiladores introduzidos no mercado demora, em condições normais, dois a três anos.
3. Os ventiladores produzidos na China são feitos com componentes fabricados na Europa e nos EUA, os quais, nas condições presentes, não estão a chegar à China com a fluidez habitual, causando estrangulamentos na produção.
4. A disrupção nos transpores, especialmente nos transportes aéreos, veio criar dificuldades adicionais de entrega aos países de destino.
Na situação actual, existem fortes probabilidades de burla, decepção e outras práticas anormais no mercado dos ventiladores (v.g., empresas-fantasma, exigência de pagamentos antecipados, prazos de entrega não respeitados, ventiladores fornecidos sem controlo de qualidade). E a probabilidade da ocorrência de qualquer destes acontecimentos é tanto maior quanto mais longínquo está o "fornecedor" do material.
Ora, é difícil encontrar país mais longínquo do que a China. E um ventilador da candonga é uma ameaça de morte.
A China não é o principal produtor de ventiladores no mundo. Estima-se que a sua quota de mercado, em condições normais, seja apenas de 20%. Mas é o principal produtor de máscaras, detendo uma quota de mercado de cerca de 50%.
Ora, várias encomendas de máscaras e de testes para o coronavírus provenientes da China têm sido rejeitadas na Europa (v.g., Espanha, Bélgica) por falta de qualidade.
Não é de surpreender que venha a suceder o mesmo com os ventiladores.
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