Comparada com a queda do império da Isabel dos Santos eu só conheço a queda da Cuatrecasas. É uma queda que também tem no centro uma mulher - a advogada Quequé -, uma espécie de Isabel dos Santos da Cuatrecasas, e um homem de idade - o advogado José de Freitas - uma espécie de José Eduardo dos Santos da Cuatrecasas.
Capítulo 1. Tudo começou quando a Quequé, conhecida advogada da Cuatrecasas, declarou no tribunal de Matosinhos que o meu comentário televisivo tinha produzido efeitos devastadores sobre a Cuatrecasas, que até podiam ter levado ao encerramento da sociedade (cf. aqui).
Capítulo 2. O juiz, que já tinha assistido à queda do BPN, ficou em pânico, como que a dizer: "Só me faltava mais esta!" (cf. aqui)
Capítulo 3. O réu, esse, chorou convulsivamente, e era um choro sentido: "Coitadinha...da Cuatrecasinhas … e agora … o que é que vai acontecer…. à Quequezinha… que fica sem emprego?…" (cf. aqui).
Capítulo 4. Ao ouvir a notícia, a escrivã ficou com a respiração parada, e nunca mais conseguiu articular duas palavras seguidas. Ficou gaga para a vida, pior que a Joacine (cf. aqui).
Capítulo 5. Mas quem tomou pior a notícia foi o Papá Encarnação da sociedade de advogados Miguel Veiga, Neiva Santos & Associados que representava a sua congénere Cuatrecasas em tribunal. Se a moda pegava, de as sociedades de advogados começarem a cair, como é que ele iria facturar as 100 mil horas por ano de assessoria jurídica às Câmaras Municipais controladas pelos seus amigos do PSD?: "Só se fosse através de uma offshore sediada em Malta…", pensou (cf. aqui).
Capítulo 6. A advogada de defesa deitou as mãos à cabeça num gesto de desespero. Deitar abaixo a Cuatrecasas era crime para dar prisão perpétua ao réu (cf. aqui).
Capítulo 7. O magistrado do Ministério Público - como o nome de código X - olhou nessa altura fixamente o réu e com enorme alegria interior disse para si próprio: "Desta vez é que te ponho na cadeia" porque o magistrado X, à semelhança dos seus colegas, fazia profissão de pôr na cadeia qualquer cidadão que lhe aparecesse pela frente (cf. aqui).
(Por tão relevante missão patriótica, ele e os seus colegas, no topo da carreira, ganham agora mais que o próprio primeiro-ministro)
Capítulo 8. O momento mais dramático da queda da Cuatrecasas ocorreu semanas depois com o depoimento do advogado José de Freitas, o advogado mais sénior e fundador da Cuatrecasas-Porto. Por essa altura, a Cuatrecasas não estava meramente em risco de cair, como no momento em que a sua colega Quequé depusera. Deduzia-se do depoimento do Dr. José de Freitas que a Cuatrecasas já tinha caído.
Depois de afirmar que, em consequência do comentário televisivo do réu, os advogados da Cuatrecasas tiveram de dar "explicações internacionais" (presume-se que à sede da empresa em Barcelona) concluiu assim: "Não há estrutura que resista a uma coisa destas".
(O depoimento teve lugar depois do almoço. Diz quem assistiu que, nesse momento, o risco de cair era maior para o Dr. José de Freitas do que para a Cuatrecasas). (cf. aqui)
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