05 janeiro 2020

143 vezes

Na sua mensagem de Ano Novo, o Presidente da República elegeu a justiça como um dos temas principais para este ano, referindo-se, em particular às demoras na justiça:

«Marcelo Rebelo de Sousa enumerou algumas áreas que considera importantes este ano, a começar por uma "justiça respeitada, porque atempada e eficaz no combate à ilegalidade e corrupção"» (cf. aqui. ênfase meu).

Fez bem. O meu voto de Ano Novo, em termos de vida pública, também se refere à justiça - na realidade, só se refere à justiça (cf. aqui).

É uma das grandes violências - e, portanto, umas das grandes injustiças - que o Estado português comete permanentemente sobre os seus cidadãos - sem que eles se insurjam, parecendo habituados ao abuso - é a demora na justiça.

É também a razão que mais vezes tem levado o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) a condenar Portugal. Entre 1978 e 2018, o TEDH condenou 143 vezes Portugal por demoras na justiça (cf. aqui).

Uma vergonha. É claro que o Presidente evitou apontar as causas e os agentes que são os principais responsáveis pelas demoras na justiça, porque isso dá sarilho e ele tem uma reeleição pela frente e, por isso, ficou-se pelas generalidades.

Mas a menção à justiça, embora geral, já é alguma coisa. Estamos em sintonia. Ele lê este blogue.


Sem comentários: