15 novembro 2019

THE BLUE BAG (IV)

(Continuação daqui)


Capítulo 22. A perseguição a Peter Throw decorria já há um ano quando foi publicado num jornal um artigo bombástico com o título "Agora vamos prender o Peter Throw?". Os fogos de Pedrógão Grande foram imediatamente esquecidos e metade da população portuguesa dedicou-se à caça de Peter Throw, até ao dia em que um jornal argentino mostrou uma fotografia de Throw e do seu burro Castro a caminharem lentamente no norte do país. Quem não deixou passar a oportunidade para intervir foi o presidente da república que, dias antes, tinha desvendado a causa dos fogos de Pedrógão. Uma comitiva chefiada pelo presidente partiu imediatamente para Buenos Aires para organizar a caça a Peter Throw. A comitiva incluía militares e políticos como as manas Deadwater e o presidente do Parlamento, Iron Rodrigues. A juiz Cathy Littleriver também foi, sentada no assento 24B do avião da TAP, ao lado da sua homóloga, a deputada Cathy Martins (cf. aqui).

Capítulo 23. Parecia que os portugueses estavam a conquistar outra vez a América Latina. O presidente português chegou a  Buenos Aires e instalou-se com a sua comitiva como se estivesse em casa, repetindo uma atitude que tinha tido meses antes no Brasil. O presidente argentino ainda protestou ameaçando gerar um incidente diplomático, mas o presidente De Susa ameaçou-o com uma guerra total, fazendo uso do arsenal nuclear que estava religiosamente guardado na base aérea de Tancos. No dia da sua chegada, à noite, o presidente português já distribuía beijinhos às velhinhas nas imediações da embaixada portuguesa na capital argentina. O Papa Francisco que nesse dia tinha ido a casa visitar a irmã, passou pela embaixada para cumprimentar o presidente de Portugal (cf. aqui).

Capítulo 24. Uns dias antes da chegada da comitiva portuguesa a Buenos Aires, Peter Throw e o burro Castro fizeram uma paragem na estação central de Correios de Tukuman, a cidade fundadora da Argentina. Throw ia levantar uma encomenda que lhe tinha sido enviada pela prima, a juiz Cathy Littleriver. A encomenda continha a pulseira electrónica e uma nota de desculpas a dizer que não tinha sido possível enviar a burra. Mas que seguiria, em breve, por outra via. Chamava-se Branca. Entretanto, no Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos foi aberto um inquérito-crime pelo desaparecimento de uma pulseira electrónica (cf. aqui).

Capítulo 25. Há cinco meses a viver em Buenos Aires, o magistrado Tony Meadow estava agora perfeitamente familiarizado com a vida nocturna da cidade. No dia da chegada da comitiva do presidente, que incluía 26 magistrados do Ministério Público, o magistrado Meadow deixou a todos os seus colegas uma nota no quarto do hotel a convocá-los para a farra num night club da cidade a partir das 10:45 da noite (cf. aqui).

Capítulo 26. No dia seguinte à chegada da comitiva, logo pela manhã, o presidente convocou uma conferência de imprensa na embaixada de Portugal onde estiveram presentes os principais órgãos de comunicação social internacional. No seu discurso, o presidente De Susa transmitiu ao mundo quão importante era para Portugal e para o mundo a captura de Peter Throw, o maior criminoso da história de humanidade, cuja importância, em termos futebolísticos, ele igualou à de Cristiano Ronaldo. No termo da conferência de imprensa e já com os jornalistas pelas costas, tomou a palavra um distinto advogado português, Tony Wolf, membro do Conselho de Estado, que ofereceu os serviços da sua sociedade de advogados para negociar com o Governo português o per diem que os membros da comitiva iriam receber enquanto durasse a sua missão em Buenos Aires. A proposta foi aprovada por unanimidade. Tony Wolf orgulhava-se de a sua sociedade ser perita em planificação fiscal e de ter como cliente Cristiano Ronaldo (que, em Espanha, estava em risco de ir parar à prisão por causa de um esquema de fuga ao fisco) (cf. aqui). 

Capítulo 27. Um mês depois da chegada da comitiva portuguesa a Buenos Aires não tinha havido progresso algum na perseguição a Peter Throw e o presidente todos os dias era questionado pela imprensa internacional sobre o assunto. O telefone de Peter Throw estava sob escuta pelos serviços secretos argentinos. Num desses dias, a partir de um telefone público de Buenos Aires, foi gravada uma chamada para Peter Throw que, na altura, se encontrava já na foz do Iguaçu, onde a Argentina faz fronteira com o Paraguai e o Brasil, acompanhado do seu burro Castro. O conteúdo da conversa era misterioso, mas a voz era de mulher (cf. aqui).


(Continua)

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