V. Crimes de Saco Azul
Chegado a este ponto, só me resta, por agora, procurar responder à questão:
-O que é que se pode esperar do inquérito que o DIAP está a levar a cabo no HSJ acerca dos donativos recebidos para o projecto do Joãozinho?
Não espero muito. Existirão muitas pressões para que tudo seja abafado.
Porquê?
Porque, vir ao de cima toda a verdade, causará uma pequena revolução no país.
A verdade, em princípio, é esta:
A administração de um grande hospital em 2009 decidiu angariar dinheiro junto de mecenas privados para construir uma ala pediátrica para o hospital. Dez anos depois, em 2019, não havia ala pediátrica e uma parte do dinheiro tinha sido desviada para outros fins. Entretanto, durante esses dez anos, as crianças estiveram internadas em contentores metálicos onde, a partir de certa altura, chovia lá dentro, existiam pragas de moscas no verão, o aquecimento falhava no inverno...
A administração pública, simbolizada na administração deste hospital, não se sai bem.
Uma grande sociedade de advogados, que assessorava a administração do hospital, também não.
A grande sociedade de advogados é uma célula partidária até certo momento chefiada por um destacado dirigente de um dos maiores partidos políticos do país.
E o que dizer da Justiça?
A ter havido crimes de Saco Azul, o Ministério Público, através do DIAP-Porto, só dez anos depois de os crimes terem sido iniciados é que abriu um inquérito para saber o que se passava.
E há condenados?
Sim, há um condenado. Não pelos crimes de Saco Azul mas pelo crime de ter ofendido aqueles que os cometeram.
Sem comentários:
Enviar um comentário