5. Recibos
A lista de mecenas e respectivas contribuições entre 2009 e o início de 2014, mais o rol de despesas feitas em nome do Joãozinho, fornecido pelo HSJ à revista Sábado, e referidas neste artigo (cf. aqui), não são nada bons sinais.
São sinais de uma "contabilidade" feita à pressa.
Porém, o sinal decisivo para saber se o Joãozinho foi ou não um saco azul do HSJ nesse período é a existência ou não de recibos:
-Existem recibos passados aos mecenas pelas suas contribuições?
Se a resposta for afirmativa, o HSJ passou o teste decisivo. Mas se a resposta for negativa, aí entra-se num outro mundo e pode concluir-se, com certeza prática, que se trata de um saco azul.
É que, se não existem recibos, dois tipos de suspeições se levantam, a) as contribuições dos mecenas podem ter sido maiores do que aquelas que constam da lista e há que saber o que aconteceu a esse dinheiro extra; e b), mais importante ainda, podem existir mecenas que não constem da lista e também há que saber o que é que se fez desse dinheiro.
Quer dizer, o mais importante daquela lista de mecenas e respectivas contribuições não é aquilo que ela diz, mas aquilo que ela pode omitir. São as omissões, caso existam, que darão ou não o carácter de saco azul ao projecto Joãozinho enquanto esteve sob a gestão do HSJ entre 2009 e o início de 2014.
Estas omissões podem ser descobertas inquirindo os mecenas porque mesmo que o HSJ não as tenha registado, ou as tenha registado por valor inferior ao real, elas estão registadas na contabilidade dos mecenas, sobretudo quando se trata de empresas, como é maioritariamente o caso.
Assim, por exemplo, quando a jornalista da Sábado me contactou e me pediu para comentar a lista que tinha em seu poder, eu disse-lhe que não era a pessoa indicada para o fazer porque não tinha estado envolvido com o Joãozinho nesse período. Tive, contudo, a curiosidade de saber o total das contribuições.
Quando ela me disse "625 mil euros" eu sorri.
Disse-lhe apenas que uma das informações que tinha era que os principais mecenas desse período tinham sido o BES e a PT. Ela respondeu-me que o BES fazia parte da lista, mas a PT não.
Não pretendo fazer acusações infundadas porque não tenho acesso a toda a informação. Mas, com base na informação de que disponho - e que foi aumentada pela revista Sábado esta semana -, se me perguntassem se o Joãozinho foi ou não um saco azul do HSJ entre 2009 e o início de 2014, eu tenderia fortemente a responder que sim.
Aquelas "várias interações" (cf. aqui) entre o DIAP e o HSJ fazem temer o pior.
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