01 outubro 2019

mais inacreditáveis

Paulo Loureiro
3 h
O que se passou com a ala pediátrica de oncologia às mãos deste governo é das coisas mais inacreditáveis do SNS e da política portuguesa de todos os tempos. Fazem-se agora de salvadores.
(cf. aqui, comentários)

Aquilo que consta nos bastidores, e que eu acredito, é o seguinte. Montam o estaleiro para dar a sensação, em véspera de eleições, que começam a obra. Mas, depois, a obra nunca mais avança (por falta de dinheiro para a financiar). O Serviço de Sangue, que serviu para impedir o avanço da obra da Associação Joãozinho durante três anos, continua a funcionar no local.

É grato saber que alguns portugueses não se deixaram enganar. A obra da Associação Joãozinho já teria sido concluída por esta altura a um custo de 20,2 milhões de euros, financiada de forma mecenática. O custo agora já vai em 25 milhões para o Estado (fora o que entretanto foi gasto com a Aripa a refazer o projecto de arquitectura, com a Cuatrecasas a fazer e a desfazer contratos, com a comissão que seleccionou a nova construtora, etc.).

De qualquer forma, quem efectivamente começou esta obra foi a Associação Joãozinho que, segundo as contas agora fechadas com a sua construtora,  gastou nela 611 mil euros com os trabalhos de demolição das velhas instalações existentes no local, e que foram bloqueados pela não-desocupação do Serviço de Sangue por parte do HSJ, que  também era para ser demolido.

A ala pediátrica do HSJ começa agora a ter todas as semelhanças com o seu grande rival, o Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN), que serve de ala pediátrica ao Hospital de Santo António.

O CMIN foi concebido em 1982 e só se concretizou em 2017, demorando  35 anos a fazer. A obra foi iniciamente orçada em 8 milhões de euros e acabou a custar 60 milhões.

A ala pediátrica do HSJ foi concebida em 2009 pela administração do Professor António Ferreira e foi inicialmente orçada em 15 milhões de euros. Já leva 10 anos e já vai em 25 milhões. Para igualar o CMIN precisa de mais 22 anos e 35 milhões de euros em cima.

A história do Joãozinho entre 2014 e 2017 está aqui.

Sem comentários: