Na analogia que vou apresentar a riqueza criada em cada ano, reflectindo o conceito económico de PIB, é o bolo.
Na teoria católica, o bolo é uma dádiva de Deus a todos os seus filhos. Como Deus, sendo um Pai, quer igualmente bem a todos os filhos, cada um deles tem direito a uma fatia do bolo que é rigorosamente igual à de todos os outros.
Se algum filho possui uma fatia que é maior que a dos outros é porque esse filho (rico) se apropriou indevidamente de uma parte que pertence aos outros (pobres). Devolver essa parte aos seus irmãos, através da esmola ou caridade, não é nenhum favor, mas um dever, uma questão de justiça, e a maneira suprema de agradar a Deus.
A teoria socialista da pobreza é exactamente a mesma, os ricos (capitalistas) são ricos porque se aproveitaram indevidamente daquilo que pertence aos pobres (operários). Mas, em lugar de apelar, como faz a Igreja, a que os ricos devolvam aos pobres a parte que lhes pertence, através da caridade, os socialista põem o Estado no meio para forçar os ricos a dar aos pobres.
Em ambos casos - católico e socialista - o problema da pobreza é uma problema de distribuição da riqueza ou de partilha do bolo. E é aqui que ambas as teorias falham porque antes de distribuir o bolo é preciso produzi-lo. O liberalismo põe precisamente o ênfase na produção do bolo, que é anterior à sua distribuição.
Quem produz o bolo?
O catolicismo diz que é Deus, o socialismo diz que é uma entidade abstracta chamada sociedade.
A verdade é que o bolo (PIB) é produzido por homens e mulheres concretos (embora utilizando talentos e outros factores de produção, como a terra, o ar e o mar, que lhe foram facultados por Deus).
Sendo assim, o bolo não pertence igualmente todos, em fatias iguais. Pertence àqueles que o produziram, e em proporção daquilo que contribuíram para o produzir. Quem produziu 10% do bolo tem direito a 10% dele, e quem produziu 1% tem direito apenas a 1%.
Aqueles que nada produziram não têm direito nenhum a qualquer parte do bolo, embora possam beneficiar de uma parte dele, mas por mera caridade dos outros.
O Deus católico (que é ocasionalmente socialista) põe o ênfase na repartição da riqueza, ao passo que o Deus calvinista (que é liberal) põe o ênfase na produção. O Deus católico valoriza a virtude humana da caridade (solidariedade, na linguagem socialista), ao passo que o Deus calvinista valoriza mais a virtude humana da produtividade.
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