Todos os maiores partidos portugueses pertencem à família socialista, uns na versão social-democrata (PS, PSD, CDS), outros na versão comunista (PCP, BE). Pelo contrário, só agora está a nascer um partido verdadeiramente liberal no país - a Iniciativa Liberal.
A razão é que a socioeconomia implícita na teologia católica aproxima os países de tradição católica, como Portugal, muito mais do socialismo do que do liberalismo.
Na teologia católica, os bens da criação são originariamente destinados a todos, e Deus é um Pai que, como todos os pais, quer igualmente bem a cada um dos seus filhos. Cada um tem, portanto, o direito a uma quota-parte dos bens da criação que é igual para todos. Se, na prática, alguns têm mais do que outros, então só pode ser porque os primeiros - os ricos - se apropriaram indevidamente do quinhão que pertence aos segundos - os pobres.
Para a Igreja Católica, a pobreza é um problema de distribuição do rendimento, e uma injustiça, que a Igreja resolve apelando aos ricos para que dêem aos pobres, assim agradando a Deus e conquistando a vida eterna.
Quem fôr à teoria católica da pobreza, e substituir "pobres" por "operários", "ricos" por "capitalistas" e, em lugar do apelo aos ricos para que dêem aos pobres, puser o Estado a forçar os ricos a dar aos pobres, tem a teoria marxista da exploração e o Estado socialista.
Daí que, quando vivem em democracia, e fora da sua tradição política autoritária, os países de tradição católica, como Portugal, resvalem muito mais facilmente para o socialismo do que para o liberalismo. Também significa que um partido verdadeiramente liberal tem muito mais dificuldade em impor-se num país de tradição católica do que um partido socialista.
A Iniciativa Liberal não vai ter a vida fácil. Somente conseguirá crescer na medida em que em Portugal se acabe com a "cultura do coitadinho". Vai demorar tempo.
Na realidade, a Grã-Bretanha só conseguiu fazer nascer e fazer vingar o liberalismo depois de proibir o catolicismo - uma proibição de que ainda hoje existem resquícios e que, diga-se de passagem, não foi nada liberal..
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