21 agosto 2019

A Riqueza


Enquanto em Portugal se continuava a santificar e a glorificar a pobreza, foi num país que se tinha revoltado contra o catolicismo - a Escócia - que em 1776 foi publicado o primeiro tratado de liberalismo económico.

O seu tema era a riqueza e visava ensinar aos povos e às nações como fugir da pobreza e aceder à riqueza. O título não deixava margem para dúvidas acerca do seu propósito: "A Riqueza das Nações". E o subtítulo esclarecia: "Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações".

O autor era um professor de filosofia moral da Universidade de Glasgow, Adam Smith. Era um homem muito religioso pertencente a uma denominação da família do calvinismo - o presbiterianismo.

No mesmo ano de 1776, numa extraordinária manifestação do acaso, ocorreu a revolução americana que viria a dar origem aos primeiro país nascido liberal - os EUA. (Os pais fundadores americanos que escreveram a Constituição  de 1789 eram conhecedores da filosofia liberal de Adam Smith e David Hume. Entre eles, apenas um era católico).

Por essa altura, as ordens religiosas do catolicismo estavam proibidas no Reino Unido, e consequentemente, também na sua colónia americana que viria a dar origem aos EUA.

De facto, não teria sido fácil criar no novo país uma cultura virada para a riqueza no meio de uma cultura religiosa, como a católica, que santifica a pobreza.

Em pouco mais de um século, os EUA tornar-se-iam o país mais rico e poderoso do mundo.

Os EUA permanecem ainda hoje como o maior exemplo do poder das ideias liberais e também do seu profundo significado religioso. Os EUA vieram mostrar ao mundo, pela primeira vez na história da humanidade, que era possível tirar, em massa, o homem da miséria.

A tecnologia social para conseguir este objectivo estava descrita no livro de Adam Smith. Era a economia de mercado ou liberalismo económico.

Portugal também é referido no livro, mas como contra-exemplo, como o exemplo acabado da tecnologia social que conduz à pobreza - nenhuma iniciativa económica era permitida sem ser submetida à tutela do Estado (isto é, do Rei, na altura representado pelo Marquês de Pombal).

O liberalismo nasceu no mundo britânico numa altura em que em Portugal vingava o mais cruel dos absolutismos - o do Marquês.

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