Parecia-me excessiva, e às vezes esquizofrénica, a maneira como, no Outono passado, o eurodeputado Paulo Rangel defendia a recondução da Dra. Joana Marques Vidal à frente do Ministério Público, como Procuradora-Geral da República:
-"Mandato de Joana Marques Vidal foi irrepreensível" (cf. aqui);
-"Paulo Rangel avisa que será incompreensível se Governo não reconduzir Joana Marques Vidal" (cf. aqui)
O PSD chegou ao poder em 2011 e, no ano seguinte, estava a pôr pessoas da sua confiança nos lugares cimeiros do Ministério Público. Em Outubro de 2012, a Dra. Joana Marques Vidal foi nomeada Procuradora-Geral da República, isto é, chefe do Ministério Público (cf. aqui). Pela mesma altura, vários procuradores eram promovidos a lugares de destaque no Ministério Público, entre eles, o famoso magistrado Y (cf. aqui).
(Esta dança de cadeiras é ilustrativa da alegada "independência" do MP em relação ao poder político)
Olhando agora, a esta luz, para os dois casos que cito no post em baixo, o que eles indiciam é que o Ministério Público, durante o mandato da Dra. Joana Marques Vidal, fazia favores ao eurodeputado Paulo Rangel e ao escritório de advogados de que ele era director - o escritório do Porto da sociedade de advogados Cuatrecasas.
Parece-me hoje perfeitamente compreensível a esquizofrenia do eurodeputado Paulo Rangel a propósito da recondução da Dra. Joana Marques Vidal à frente do Ministério Público, embora não tenha tido sucesso.
Para tristeza dele, será sob outra direcção que o Ministério Público vai continuar a sua senda de combate à corrupção no país.
Parece-me que tem muito trabalho pela frente. E até convinha começar por fazer alguns trabalhos de casa.
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