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e ficou ali, concentrado, à procura do crime. Chovia violentamente lá fora.
"Coitados dos rapazes da PJ que hoje têm de ir apanhar 37 membros dos Hell's Angels com este temporal...", pensou o magistrado Y, e a sua preocupação era genuína.
Durante os 14 minutos e 45 segundos que dura o vídeo, o magistrado Y ficou concentradíssimo à procura dos crimes. Chegado ao fim, fez um refresh e voltou ao princípio. Admirou o penteado do Juca Magalhães e pôs-se a pensar onde é que o arguido teria ido arranjar o dinheiro para ir passar uma semana à Grécia com a mulher.
E o bronze que o arguido exibia, seria natural ou fruto de alguma lavagem de dinheiro? Pelo sim pelo não, iria pedir à juíza de instrução que o pusesse sob escuta.
De repente, imobilizou o vídeo ao minuto 7:37. Estaria ali a prova do crime? E de que crime se tratava? Decidiu retroceder ao min. 5:24. Talvez estivesse ali o crime. Mas hesitou mais uma vez e avançou abruptamente para o min 13:34.
Ficou assim três dias e três noites, andando para trás e para a frente, escrutinando zelosamente cada segundo do vídeo.
Na sexta-feira ao meio dia deu o trabalho por concluído, porque os funcionários públicos não trabalham às sextas à tarde e ele tinha feito muitas horas extraordinárias por causa daquele vídeo.
Depois de tanto esforço, e depois de ver mil vezes o vídeo, o magistrado Y tinha encontrado dois crimes, um de difamação agravada e outro de ofensa a pessoa colectiva.
Caro leitor,
Se você fizer como o magistrado Y - pode ser com um vídeo da Cristina Ferreira -, examinando-o repetidamente até à exaustão, você pode tornar-se um polícia criminal como ele. Tem é de encontrar pelo menos um crime.
Se você fizer como o magistrado Y, pode mesmo chegar a Director do DIAP.
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