O ex-secretário de Estado João Vasconcelos morreu esta semana vítima de ataque cardíaco (enfarte do miocárdio). Tinha 43 anos.
Eu tinha uma coisa em comum com o João Vasconcelos - doença das artérias coronárias, uma doença silenciosa e que possui uma grande carga hereditária - e estive em risco de me acontecer o mesmo que lhe aconteceu a ele.
Dias antes, o João Vasconcelos tinha ido aos serviços de urgência do Hospital de S. José. Fizeram-lhe um electrocardiograma e mandaram-no para casa (cf. aqui).
É aqui que a minha história começa a divergir da do João Vasconcelos, com um happy ending a meu favor.
Depois de um episódio de dôr no peito (angina de peito, que terá sido o que levou também o João Vasconcelos ao S. José), eu dirigi-me, por indicação do meu amigo Joaquim, directamente a um cardiologista - Dr. Vasco Gama do Porto Heart Centre da Casa de Saúde da Boavista, que é especializado em cardiologia de intervenção (cf. aqui).
O Dr. Vasco Gama também me fez um electrocardiograma. Só que o electrocardiograma não é suficiente para detectar a doença coronária. O Dr. Vasco Gama disse-me então para ir a casa buscar a roupa porque tinha de ficar internado durante um dia para fazer um cateterismo (cf. aqui). Este, sim, é o exame que revela conclusivamente a doença coronária, caso ela exista.
Era um terça-feira. Voltei à tarde para o cateterismo. Foi no final do exame que o Dr. Vasco Gama me informou que a minha vida estava em grande risco (como já estaria a do João Vasconcelos quando foi ao Hospital de S. José) e tinha de ser operado imediatamente.
Já não saí da Casa de Saúde da Boavista. Fui operado quinta-feira de manhã (14 de Março) e domingo estava em casa.
Qual a diferença que eu vejo entre a experiência do João Vasconcelos e a minha própria experiência para além de eu estar vivo e ele não?
Eu fui tratado de forma pessoalizada na Casa de Saúde da Boavista ao passo que, na urgência do Hospital de S. José, o João Vasconcelos só pode ter sido tratado como "mais um".
Esta diferença foi-lhe fatal.
1 comentário:
É o que apetece concluir.
Mas a realidade é muito mais grave: os médicos deixaram de ser Médicos e passaram a ser funcionários públicos. Mesmo na actividade privada 'chutam' o doente para outro médico porque são ignorantes.
E estou a lembrar uma esquerdalhota tonta que afirmou que o que era bom era ter um médico alegre (tipo palhaço do chapitô).
Vi mandarem para casa uma velhinha com dor no peito. Fizeram um electrocardiograma (ECG), tendo-a mandado para casa. O ECG tinha um padrão clássico de enfarto agudo do miocárdio.
O Prof. Eduardo Coelho chumbava, na década de 1960, no 4o ano dum curso de 7 anos, qualquer ignorante que falhasse tal padrão diagnóstico.
A velhinha morreu passada uma semana, em falência cardíaca.
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