A estratégia do Governo a respeito da ala pediátrica do HSJ consiste em remeter a obra para a próxima legislatura - uma altura em que ele próprio não sabe se voltará a ser Governo.
Foi assim, empurrando sucessivamente com a barriga, que sucessivos governos acabaram por demorar 35 anos a construir o CMIN - o equivalente, no Hospital de S. António, da ala pediátrica do HSJ -, e orçamento inicial de 8 milhões de euros acabou por crescer exponencialmente até aos 60, que foi o custo final da obra.
Para os próximos meses, o objectivo do Governo é que não se fale na ala pediátrica do HSJ. Para tanto, utilizará os seguintes argumentos:
1) O Governo quer fazer a obra. Foi o PS que no Parlamento fez um proposta de alteração orçamental para que a obra seja feita o mais rapidamente possível e por ajuste directo. A proposta foi aprovada por unanimidade de todos os partidos.
2) O projecto da obra está em revisão pelos arquitectos da empresa Aripa e só estará pronto em Junho.
3) Só então será possível fazer a adjudicação da obra, e o ajuste directo não dispensa o cumprimento de alguns procedimentos que sempre demoram o seu tempo.
4) A obra começará depois do Verão.
A obra começará depois do Verão, isto é, depois das legislativas prevista para o Outono de 2019, quando este Governo já lá não estiver. Depois virá outro, com outro Ministro da Saúde, talvez um outro Primeiro-Ministro, uma nova administração do HSJ, e tudo volta ao início. Obra é que nunca mais haverá.
Perante isto, como devem agir aqueles que desejam o começo imediato da obra, sabendo que tal é possível? E como devem contrariar o Governo, que não a quer fazer, nem deixar fazer?
A primeira prioridade é, obviamente, continuar a falar sem descanso da ala pediátrica do HSJ, e das condições em que ela actualmente mantém as crianças lá internadas.
A segunda é identificar os adversários da obra, aqueles que trabalham com o Governo para que esta obra nunca seja feita no horizonte visível. E identificá-los pelo nome.
É isso que farei no post seguinte.
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