17 dezembro 2018

o gestor Supertuga

O #GestorTuga é uma espécie de campeão olímpico do decatlo, tanto corre como salta à vara ou arremessa pesos. Se fosse músico era o homem dos sete instrumentos, que tanto toca o cavaquinho como sopra na gaita de beiços ou surra no bombo.

Esta pluridisciplinaridade permite-lhe que tanto gira um banco como uma companhia de aviação ou uma funerária. Diz que é “tampo para qualquer tacho” e tal parece. Não é um tufão... não é um tsunami... é o gestor Supertuga.

Argumenta que os princípios da gestão são sempre os mesmos e que, portanto, está capacitado para “bem montar qualquer sela” – passo a expressão.

Como médico e cirurgião geral e vascular, eu poderia argumentar que estou capacitado para qualquer intervenção porque os princípios da cirurgia são sempre os mesmos. Podia, mas não o faço para não cair no ridículo e porque teria de enterrar rapidamente todos os erros que cometesse.

Obviamente, o gestor Supertuga não tem receio de cair no ridículo e os seus erros costumam ser amparados pelas mais altas excelências da pátria, que o fazem, claro está, a bem do País e sem qualquer interesse pessoal.

Algumas destas excelências também têm vocação para gestores Supertuga e quando são obrigados a abandonar os seus cargos institucionais, dispõem-se logo a gerir qualquer coisinha que lhes apareça, mesmo que nada percebam do assunto.

Mas então os tais princípios da gestão são ou não são sempre os mesmos? Ouço já o coro das comadres...

Sim, os princípios são os mesmos, mas os princípios não passam de ferramentas que o gestor emprega em contextos específicos que necessitam de ser profundamente conhecidos para garantir bons resultados.

Na estranja, muitos CEO’s foram subindo na hierarquia das empresas ao longo de anos de trabalho e quando chegam ao topo conhecem tão bem o “negócio” como as palmas das suas mãos.

Em Portugal, esse “elevador” está avariado desde o tempo dos descobrimentos. “O sapateiro não deve subir além do chinelo” e os altos cargos devem ficar para o gestor Supertuga.

O fininho que aterra na organização, vindo sabe-se lá de onde, sem visão e sem sentido de missão e, portanto, totalmente incapaz de criar utilidade para os clientes da empresa.

Mas capaz de arrasar tudo à sua volta. Não é um tufão... não é um tsunami... é o gestor Supertuga.


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