A ala pediátrica do HSJ foi hoje objecto de duas notícias na comunicação social portuguesa, e uma delas - embora a menos importante das duas - foi induzida por este blogue, embora a outra também possa ter sido e tem ainda maior retumbância.
Começarei com a menos importante.
Quando ontem, ao final do dia, publiquei o post com o título "o melhor" (cf. aqui), notei que ele teve imediatamente várias centenas de partilhas, um acontecimento estatisticamente raro (a statistical outlyer, no jargão dos estaticistas).
O que é que eu teria dito nesse post para agitar tanta gente em tão curto espaço de tempo?
Soube hoje e a resposta veio pelo JN (cf. aqui). Eu tinha tocado num dos pontos mais sensíveis em torno da ala pediátrica do HSJ - as rivalidades partidárias e corporativas.
O parágrafo crucial terá sido este:
"Entretanto, a enorme publicidade negativa recebida recentemente pela pediatria do HSJ tem levado ao seu esvaziamento progressivo. A maior parte das crianças doentes vão agora directamente para o Santo António (CMIN) ou para o IPO. Nenhum pai ou mãe - excepto por absoluta necessidade - deixa um seu filho num contentor onde chove e infestado de moscas".
Eu estava apenas a exprimir uma realidade óbvia e uma mensagem que o próprio Governo em Maio mandou para os jornais quando se desencadeou o escândalo sobre as condições de internamento pediátrico no HSJ, e que fazia todo o sentido (cf. aqui): se as crianças não tinham condições de internamento no HSJ, então que fossem canalizadas para o CMIN (Hospital S. António), que tem moderníssimas instalações ou, no caso de crianças com cancro, que fossem para o IPO, que fica mesmo do outro lado da rua.
Em nenhum momento pretendi fazer publicidade negativa ao HSJ, mas apenas exprimir a realidade. Porém, as sensibilidades estão ao rubro e este blogue é lido nas altas esferas do HSJ, e rapidamente alguém terá pedido ao JN - a quem havia de ser? - que fosse "pôr água na fervura" naquilo que era seguramente, em termos de pediatria, uma depreciação do HSJ face aos seus concorrentes directos.
E o JN assim fez. É muito interessante a resposta do Presidente do IPO. Começa por dizer que o IPO não tira doentes pediátricos ao HSJ. Mas, no fim, não se esquece de acrescentar que, em termos de oncologia pediátrica, o score neste momento é de 100 contra 50, a favor do IPO (e - acrescentaria eu -, a manter-se a tendência, em breve será de 150-0).
Não vale a pena esconder a realidade, que em nenhum momento põe em causa a qualidade dos profissionais do HSJ. O desleixo a que a administração do Hospital e o Governo deixaram chegar a ala pediátrica, leva a que os doentes debandem naturalmente para o CMIN e para o IPO.
E não apenas os doentes. Também os médicos. A conceituada equipa de pediatria do HSJ, chefiada pelo Professor Caldas Afonso, também debandou para o CMIN (cf. aqui).
A debandada é geral.
1 comentário:
E qual foi a segunda noticia?
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