Jogo viciado
Comparar o Estado a um casino é um insulto para os casinos, bem sei. Pelo menos os casinos desenvolvem uma atividade legal e perfeitamente legítima, sem qualquer violência sobre os jogadores, enquanto o Estado e os seus agentes esmifram os cidadãos e esbulham o seu património sob ameaça de prisão se estes não se comportarem como um cordeiro Pascal.
Dito isto, e com as minhas desculpas aos casinos, há um elemento comum: os casinos e o Estado saem sempre a ganhar porque “o jogo” está, por assim dizer, viciado. Nos casinos porque as probabilidades jogam a favor da casa e com o Estado porque toda a superestrutura compra ou condiciona o apoio de uma qualquer maioria, mesmo que geringôncica.
Neste contexto, qual deve ser a estratégia libertária para superar as regras do viciado jogo coletivista?
Vamos a jogo ou viramos as costas e devotamos todo o nosso desprezo libertário aos pandilheiros? Muito depende da resposta a esta pergunta.
Ir a jogo seria uma tomada de posição tática, a favor dos “amantes da liberdade” e contra o status quo. Votar simplesmente ao desprezo é, no meu ponto de vista, ceder terreno político aos inimigos da liberdade.
Permitam-me um exemplo, qual deve ser a posição dos libertários na questão do salário mínimo nacional (SMN)?
Claro que qualquer libertário que se preze é contra o SMN, mas defender esta posição não garante que uma maior fatia do PNB fique no sector privado e, pelo contrário, dá munições políticas aos nossos adversários.
A esquerdalhada dirá: “se não fossemos nós esta malta nem sequer garantia um nível mínimo de sobrevivência aos mais desfavorecidos”.
No meu ponto de vista, a melhor posição tática será então, no contexto atual, defender um SMN muito mais elevado. Um salário que reflita a produtividade nacional e os montantes distribuídos pelo Estado Social. Deste modo, um número alargado de portugueses poderia escolher escolas privadas para os seus filhos ou até saúde privada e ter alguma poupança.
O Estado ficaria com menos recursos? Com certeza, mas não é essa a finalidade de qualquer política liberal?
Por fim, esse SMN a defender, seria sempre inferior aos salário mais baixos que teoricamente os portugueses poderiam auferir num regime político de Estado mínimo.
“Ir a jogo”, não é, portanto, renegar os nossos princípios, apenas ir à luta. Não virar as costas aos amigos da liberdade e ceder terreno aos colectivistas.
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