27 maio 2018

ateu

Eu tenho estado a utilizar o meu julgamento para compreender melhor a pessoa de Cristo.

É uma oportunidade de ouro porque ele também lidou com fariseus.

Já estou agora em condições de voltar ao comentário do leitor Francisco a este meu post (cf. aqui).

Basicamente, eu dizia que uma das mensagens centrais do Cristianismo é que Deus está, em primeiro lugar, no homem. E o Francisco apressou-se a esclarecer: "Sim, mas não de forma imanente" (inerente, permanente).

E tem razão, caso contrário cada homem passa a julgar-se Deus.

Até em Cristo, Deus, por vezes, não estava lá. São várias as circunstâncias descritas no Evangelho em que isso acontece. A mais representativa de todas é esta (cf. aqui).

É aquela em que, por um momento, até Cristo foi ateu.


1 comentário:

francisco disse...

Obrigado Pedro Arroja por salientar este ponto que é importante para que o conhecimento de Cristo, a próximidade e relação com Deus seja com o Deus vivo e com a Verdade. "a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste. Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste" (Jo 17, 2-3).

Deus existe, é único e verdadeiro, e a Verdade também existe e é uma, abarca a vida, o mundo, a origem e destino do Homem. Tudo isto existe para além de nós e Cristo quer que se torne próximo de nós, faça parte de nós, que seja Deus e a Verdade a possuir-nos.
Este encontro com a Verdade é importante, cada um deve procurá-la e reflectir, Cristo quer que façamos uma escolha, não é apenas para melhorar a nossa vida.

Infelizmente hoje em dia a evangelização não passa de uma proposta de Deus como complemento à nossa vida, para a tornar melhor. Em vez de ser a partir da existência de Deus, da realidade da Verdade, e nós mergulharmos nessa realidade (adptamo-nos a ela e vivemos por ela), é nos proposto ao contrário, é a partir da nossa existência, do Eu, que queremos que Deus se acomode e faça parte de nós para nos ajudar na nossa vida. A vida em abundância e na Verdade não é essa.

Sobre a passagem que refere de (Mt 27,45-47) saliento só que o "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste" também é o início do salmo 22 (21) Sl 22 A paixão do justo , onde partindo desse sentimento de abandono caminha-se para a confiança em Deus.
Diria então que não seria um momento ateu de Cristo mas do momento em que carrega e leva os pecados e sofrimentos da humanidade, da humanidade que por vezes duvida, e os entrega a Deus com confiança, mas sofrendo ao mesmo tempo as nossas dúvidas.
Assim, seria uma momento em que sente e vive por nós essa aparente ausência de Deus para nos aproximar e entregar com confiança em Deus.

Pela Verdade, acrescento só que em cada missa católica do ofertório até à comunhão é precisamente o sacrifício da paixão do Senhor que se torna novamente presente no Altar, o Concilio Vaticano II não alterou isso, nem podia, não passou a ser uma ceia de convivio comunitário, ainda que depois se tenha alterado a forma o sentido é o mesmo. Os frutos obtidos e o que nos transmitem é que já seriam tema para outra reflexão.

Novamente, obrigado por trazer até nós estes temas.