05 abril 2018

a voar baixinho

É o segundo advogado da Cuatrecasas a sentar-se no banco das testemunhas e é o segundo a falar deste blogue. O primeiro foi o Paulo Rangel que se referiu a ele de forma genérica (cf. aqui). Ontem, o Avides Moreira identificou-o pelo nome (cf. aqui). Antes, o blogue já tinha chegado ao Tribunal através dos advogados que representam a Cuatrecasas (cf. aqui).

O Portugal Contemporâneo foi a maior surpresa que a Cuatrecasas teve quando decidiu pôr este processo em tribunal.

À medida que o julgamento se prolonga, e agora que a comunicação social se começa a interessar pelo assunto, os riscos reputacionais da Cuatrecasas sobem em flecha. De todas as instituições envolvidas é a mais exposta, porque é uma empresa multinacional - a segunda maior sociedade de advogados da Europa Continental.

Outras instituições estão a sofrer na sua reputação, e logo a seguir à Cuatrecasas vem o PSD. Porque ninguém tem dúvidas que esta armada de testemunhas, incluindo os advogados de acusação, pertencem na sua esmagadora maioria, senão mesmo na totalidade, à facção do PSD que agora controla o Partido. Ainda ontem o Paulo Mota Pinto foi eleito Presidente do Conselho Nacional.

Em Lisboa, onde a Cuatrecasas tem um grande escritório, ninguém há-de compreender como é que os seus colegas do Porto, onde o escritório é muito pequeno  expuseram a empresa desta maneira. E, segundo o que parece, todo o escritório da Cuatrecasas no Porto está envolvido no processo.

Mas que importância há-de ter essa Associação Joãozinho que praticamente ninguém conhece, e o seu presidente, para movimentar todos os advogados no Porto de uma das maiores sociedades de advogados da Europa? Esta há-de ser a questão que muita gente se pergunta, e muitos, especialmente os seus concorrentes, hão-de fazê-lo a rir.

Por exemplo, este post, colocado ontem, está a ter um número extraordinário de partilhas, logo seguido deste e deste outro.

E se o caso já chegou a Barcelona - como já deve ter chegado -, os accionistas e os administradores da Cuatrecasas devem estar de cabelos em pé. Ninguém vai aceitar que a reputação de uma sociedade desta dimensão, com escritórios em muitos países do mundo, veja a sua reputação afectada pela mentalidade de aldeia dos seus representantes no Porto - uma cidade que fica em Portugal, no noroeste da Península Ibérica, Europa Ocidental.

Perder a acção em Tribunal, em vista da desproporção de forças,  será um escândalo que ficará para os anais dos "casos jurídicos" do século XXI e que os seus concorrentes não deixarão de explorar convenientemente.

As facas devem já estar a voar baixinho desde Barcelona até ao Porto, via Lisboa.


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