Há momentos definidores.
Aconteceu na última sessão do meu julgamento quando estava a ser interrogado o Dr. João Oliveira, testemunha de acusação e ex-administrador do HSJ.
Perguntaram-lhe como é que reagiu ao meu comentário televisivo.
Respondeu assim:
-Sentimos que nos tínhamos metido numa alhada...
O interrogatório prosseguiu sem mais referência ao assunto.
Procurei interpretar a resposta, que me pareceu espontânea e genuína.
Em primeiro lugar, era uma declaração explícita de auto-incriminação. Quem se sente metido numa alhada procura livrar-se dela e isso explica o boicote que, a partir de certa altura, a administração do HSJ organizou à obra do Joãozinho e à Associação Joãozinho.
Nunca saberei ao certo a razão desse sentimento. Talvez porque a Associação Joãozinho, pouco mais de 13 meses após ter sido constituída, pôs a obra no chão e a andar. Foi um trabalho extraordinário de dedicação, eficácia, espírito de iniciativa e sentido de missão. E tudo isso chocou com uma grande instituição do Estado, ronceira, burocrática, acomodada às suas rotinas, à sua sobranceria e aos seus salamaleques, em que o trabalho consiste em cumprir procedimentos e não em atingir objectivos.
Talvez tenha sido isso. Se me tivessem falado, eu teria ajudado a remover o desconforto. Mas não. Em lugar disso, viraram costas aos compromissos que tinham assumido, começaram a boicotar a obra, deixaram-me nas mãos um contrato de 20 milhões de euros, uma obra paralisada, muitos outros compromissos por satisfazer, e uma missão por cumprir.
Procuraram matar a obra do Joãozinho e a Associação Joãozinho, objectivos que a administração seguinte viria a prosseguir até hoje, sem nunca conseguir.
Não, naquela altura os administradores do HSJ não estavam metidos em alhada nenhuma.
Agora é que parecem estar - cortesia da Cuatrecasas.
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