A cerimónia de lançamento da primeira-pedra teve lugar a 3 de Março de 2015 com a presença do primeiro-ministro (*). A primeira fase dos trabalhos iniciou-se nesse dia com a instalação do estaleiro da obra.
A 8 de Abril a Associação Joãozinho (AJ) é informada pelo HSJ de que os trabalhos não poderão prosseguir até que seja assinado um Protocolo entre as três instituições envolvidas. Nesta altura, está instalado o estaleiro da obra e vai iniciar-se a fase de demolições. (**)
Na semana seguinte, a AJ recebe o Protocolo com o timbre da Cuatrecasas. O Protocolo é globalmente uma palhaçada com a figura jurídica do Contrato a enquadrar uma relação mecenática.
Porém, as cláusulas mais decisivas são a cláusula 4ª e a cláusula 10ª:
a) Eu estava informado pelo presidente do HSJ (inclusivamente por carta) que, tratando-se de uma obra destinada a fins clínicos, não eram necessárias licenças. Mas, agora, o Protocolo impõe a obtenção de licenças.
b) E, sendo os terrenos pertença do HSJ, sou eu (AJ) que vou ter de obter as licenças junto da Câmara.(***)
c) Quando tivesse obtido as licenças, devia comunicar à administração do HSJ. Só nessa altura ela permitirá o recomeço dos trabalhos.
Mas se as licenças não eram, de facto, necessárias (seriam suprimidas na versão final do documento assinada em Julho, depois do meu comentário televisivo) por que é que elas me eram impostas (de forma reiterada, em duas versões sucessivas do documento) como condição sine qua non para que os trabalhos pudessem prosseguir?
Enquanto isto, as equipas de demolição estavam constituídas, e os custos a correr, aguardando que eu desse sinal para prosseguirem os trabalhos.
Se eu não fizesse nada, o sinal iria demorar muitos meses, talvez anos, a chegar.
Durante mais de um mês, procurei negociar, sem resultado.
Cheguei ao Porto Canal - onde comentava todas as semanas e falava sobre o andamento da obra do Joãozinho - e resolvi o problema (viriam a surgir outros depois). Os crimes estão aqui.
Há muito que eu deixei de estar preocupado em defender-me, se é que alguma vez estive. A minha preocupação agora é o ataque. Porém, na situação em que me encontro no tribunal - a de réu - não é fácil ser eu a lançar a ofensiva.
Nas reuniões que tive nos últimos dias com a minha advogada para lhe fornecer o armamento, o pedido mais insistente que lhe fiz foi o seguinte: "Apanhe-os!...Por favor... Apanhe-os!"
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(*) Um daqueles trapalhões mencionados aqui entre os 13 primeiros lugares (é o 11º), está a procurar convencer o tribunal que a obra do Joãozinho era um projecto sem credibilidade empreendido por um louco. Não obstante, o primeiro-ministro deu-lhe cobertura. E também o Ministério da Saúde (despacho aceitando a obra), o Ministério da Segurança Social (concedendo-lhe o estatuto de utilidade pública) e o Tribunal de Contas (passando a pente fino a sua arquitectura financeira) e ainda gestores de grandes empresas assinando com ele acordos de mecenato. De facto, o Estado português deve estar louco - louco por, menos de um ano depois, nomear para presidente do Hospital de Vila Real um tipório deste calibre. Ver mais aqui. É claro que ele levou logo a Cuatrecasas atrás de si (cf. aqui, contrato de 02-01-2017, Centro Hospital de Trás os Montes e Alto Douro). Compinchas é para sempre.
(**) Os trabalhos só viriam a ser retomados a 2 de Novembro, com a fase de demolições (cf. aqui). Este ponto é importante porque os trapalhões - incluindo o Paulo Rangel - estão a tentar persuadir o tribunal que, na altura do meu comentário a 25 de Maio, não havia nenhuns trabalhos feitos. Na realidade havia - o estaleiro da obra tinha sido instalado, e foi a sua interrupção que me levou a ir à televisão. Trata-se da cerca exterior azul e das pequenas edificações metálicas no interior destinadas aos engenheiros e outro pessoal da obra (cf. também aqui e aqui)
(***) Olhando em retrospectiva, esta é a parte que mais me diverte. Imaginar-me - eu, que não sei mudar um fusível - em reuniões com os arquitectos e engenheiros da Câmara a discutir o projecto de arquitectura e engenharia de um hospital pediátrico de 5 andares e 20 milhões de euros elaborado pelo HSJ (enquanto o pessoal técnico do HSJ - arquitectos e engenheiros - e os seus administradores permaneciam confortavelmente resfastelados nos seus gabinetes do Hospital)
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