Argumentei num post anterior que os advogados constituem a única profissão que está simultaneamente presente nos poderes político (legislativo e executivo) e judicial e que, por isso, são a profissão que está numa situação privilegiada para corromper as instituições da democracia, politizando a justiça e judicializando a política.
Se fosse só isto, já seria bastante mau, mas a realidade é bastante pior. É que - normalmente sob a forma de grandes sociedades de advogados - estão também envolvidos nos negócios, em que a designação de "sociedades de advogados" é apenas uma fachada para disfarçar aquilo que na realidade são - grandes sociedades de negócios.
Na Memória Corporativa da Cuatrecasas (p. 8), a actividade de advocacia é apenas uma pequena parte (22%) das suas receitas. A maior fatia vem dos negócios (38%) e da prestação de serviços de consultoria (fiscal e laboral) que não são serviços próprios da actividade da advocacia.
Política, justiça e negócios - estas são as três principais actividades da vida pública em democracia e as sociedades de advogados estão em todas. O potencial para conflitos de interesses aumenta exponencialmente. As sociedades de advogados - especialmente as maiores - são o polvo com tentáculos por toda a parte na vida pública do país, e com capacidade para:
-utilizar a política para influenciar a justiça;
-utilizar a justiça para fazer política;
-utilizar a política para promover negócios;
-utilizar os negócios para influenciar a política;
-utilizar os negócios para influenciar a justiça;
-utilizar a justiça para promover negócios.
Sem comentários:
Enviar um comentário